segunda-feira, 14 de março de 2011

A CASA DA MÃE JOANINHA

Luizianne "solta na buraqueira": carnaval fora de época?

De muitas habilidades se constitui a capacidade de uma liderança em administrar sua visibilidade pública de modo a preservá-la e usar da melhor maneira a força de sua presença em favor de seus objetivos políticos.
Há poucas regras gerais e muito de feeling. O que se aplica a uma personalidade não se recomenda a outra e a própria circunstância impõe condições que muitas vezes exigem grande capacidade de adaptação.
O êxito é obtido não apenas pela força bruta do magnetismo pessoal, mas também pelo uso, lapidado, do bom senso - uma correta noção de peso e medida - e, claro, inteligência para simular e talento para dissimular.
Na sociedade (fetichista) do espetáculo, a figura pública de um “ator” político agrega, ainda que involuntariamente, um conjunto de valores, sugere padrões de conduta. Fixa, a cada gesto, uma abrangência simbólica.
É curioso observar que o mesmo ego exacerbado cuja força de expressão galvaniza prestígio popular e, num determinado momento, ascende, uma vez alcançada a popularidade almejada se presta a destruí-la por atos vãos.
Por excesso de confiança ou mesmo uma compulsão infantil a se rebelar contra as próprias regras que determinaram o sucesso, o sujeito exacerba na exposição de suas idiossincrasias e passa a atirar nos próprios pés.
Você já viu esse filme: uma liderança construída ao longo do tempo por uma competente gestualidade evapora na volatilidade de uma mal resolvida vaidade, definitivamente comprometida por poucas palavras fora do lugar.
Como o ego controla os termos da mensagem, mas não controla a impressão que ela transmite, o super-heroi fake, prisioneiro de sua própria fantasia, não se percebe o quão descolado se encontra da realidade circundante.
Bem, temos aí um bom exemplo. Sob as chuvas, a cidade se dissolve como um sonrisal e afunda na buraqueira. Não há mais prazo acreditado para nenhuma das obras com as quais se comprometeu a prefeitura de Fortaleza.
Enquanto isso, na avenida iluminada, a prefeita Luizianne Lins, a quem a circunstância recomenda um momento de sobriedade, publiciza sua imagem nos jornais fantasiada de uma joaninha, silvestre em sua (bendita) alegria.
Alegra-me saber que o brilho da juventude dela ainda não se despediu – sua mais brilhante qualidade. Mas, com a casa em desordem, joaninha, esta aí não é a imagem que melhor colabora para a recomposição de sua popularidade.
Por Ricardo Alcântara


Fonte: Pauta Livre
Nota: Pauta Livre é assim: não brinca em serviço. Se gostou, passe adiante. Mensagens para pautalivre@ricardoalcantara.com.br

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