segunda-feira, 18 de novembro de 2013

AMOR E SOLIDÃO



Meraldo Zisman (*)
Médico-Psicoterapeuta
Aristóteles apregoa “Quem encontra prazer na solidão ou é uma fera selvagem ou julga-se — um Deus".
O medo da solidão vem desde quando nasci. É um temor congênito. Temor tamanho que parto a procura do amor e seu imprevisto. Tentativa, na maior das vezes, frustrada e frustrante de encontrar quem faça companhia à minha solidão existencial. Tudo pode ser adquirido na solidão menos o caráter - sem caráter - não interessa permanecer vivendo e por isso... continuo buscando.
Busco o amor, que quando acontece é inconsciente, inconstante e enganoso. E ninguém é dono das próprias emoções, quanto mais das alheias.
Sendo a natureza humana contraditória, ocorre que quando estou sozinho, sinto o desejo de estar acompanhado e quando acompanhado chega o anseio de ficar sozinho... E vivendo nesse dilema com medo de amar, e amar muito mais, da solidão busco o amor embora sabendo que ele, quase rotineiramente, conduz à pior das frustrações do desamparo existencial.
Vejo como a saída, sem escolha, o fado de buscar o amor nas trilhas da vida. Não existe outro caminho para não ficar sozinho. O amor é um afeto criado para enfrentar o desamparo. É parte daquele misterioso salto da mente para o corpo que alguns estudiosos denominam de Psicossoma.
Lembro ao companheiro de jornada: o solitário (não importa o gênero) não tem alegria, nem bênção e nem sorte. Gostando ou não, sem amor não há vida. Destarte quando ouso falar do amor falo baixinho. Ele completa o que me falta, mesmo quando acerto... vez por outra.
Mas, como tudo nesta vida tem um sentido, a solidão existe para se que se atinja a sabedoria que leva a conhecer a importância no amor. Muito embora saiba que “O amor é eterno enquanto durar." (Henri de Régnier-1864-1936).
Concluo.
O amor é a arte de ajudar a Natureza. O celibatário não tem alegria, nem bênção e muito menos sorte. Não fujo do amor. Ele vai me encontrar na mais profunda solidão. Quem não ama declina da oportunidade de alcançar o amadurecimento.
O ser humano foi inventado para sentir o castigo de viver ou sobreviver na solidão. De qualquer maneira aprendi que ficar com medo de decepções amorosas é bobagem e que o amor é bem mais misterioso do que fatos e palavras poéticas.
Palavras? Essas surgirão na hora oportuna.
De qualquer maneira, não perco a oportunidade de Amar. Aproveito o momento. É o que faço e o que gosto. O resto é resto.
(*) Professor Titular da Pediatria da Universidade de Pernambuco. Psicoterapeuta. Membro da Sobrames/PE, da União Brasileira de Escritores (UBE) e da Academia Brasileira de Escritores Médicos (ABRAMES).

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