sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Engatinhar prepara a criança para desafios futuros, como ler e escrever



Por Rita Trevisan e Thaís Macena
É muito comum alguns pais afirmarem, até com certo orgulho, que seus filhos "andaram direto", dando os primeiros passos precocemente. No entanto, as crianças que dão esse salto no desenvolvimento perdem os benefícios relacionados à fase de engatinhar, que são muitos.
Explorar o mundo sobre quatro apoios antes de andar é tão importante que a Fundação Maria Cecília Souto Vidigal, ONG que atua em prol do desenvolvimento da primeira infância, promove a Engatinhata, evento que reúne bebês (com seus pais e/ou cuidadores) para engatinhar em um espaço público devidamente adaptado com tapetes emborrachados. Já foram organizadas Engatinhadas em cidades como Votuporanga e Penápolis, no interior de São Paulo.
A seguir, o consultor da fundação, o neurologista Saul Cypel, com outros especialistas, explica a importância de engatinhar para o desenvolvimento global da criança e o que fazer para estimulá-la a se movimentar de maneira autônoma, a partir dos seis meses de idade:
1) Engatinhar ajuda a desenvolver grupos musculares importantes das mãos, dos braços, dos ombros, além de fortalecer ligamentos, necessários para o aprimoramento de habilidades motoras finas. A articulação da base do polegar, em especial, é bastante estimulada. "Todos esses ganhos são importantes para o desenvolvimento da escrita e da coordenação fina", afirma o pediatra Daniel Becker, do Rio de Janeiro.
2) É nessa fase em que começa a andar sobre quatro apoios que a criança aperfeiçoa habilidades visuais, que envolvem a percepção espacial e de profundidade. Essas competências serão empregadas no momento de ler e escrever. "Ao pular a fase de engatinhar, aumenta a probabilidade de a criança apresentar dificuldades futuras, principalmente na aquisição da leitura, escrita e cálculos", diz Quezia Bombonatto, presidente da Associação Brasileira de Psicopedagogia.
3) Engatinhar não representa apenas um ganho de motricidade, mas a entrada em uma nova etapa do desenvolvimento neurológico. "Quando uma criança começa a engatinhar, o movimento repetitivo ajuda a estimular as conexões dos neurônios, permitindo que o cérebro possa controlar processos cognitivos, como a concentração, a compreensão e a memória", declara o pediatra Daniel Becker.
4) A criança que engatinha fortalece a coluna, ganha equilíbrio e aprimora a coordenação motora geral, tudo isso antes de andar. "É a primeira atividade do bebê que envolve a alternância de braços e pernas, em movimentos simétricos. A coordenação entre os hemisférios esquerdo e direito do cérebro é trabalhada, e o bebê processa a visão e o movimento ao mesmo tempo. Assim, ele se prepara melhor para ficar de pé, caminhar, correr e praticar esportes", diz Becker.
5) Um bebê engatinhando constrói autoconfiança e toma suas primeiras decisões. Aprende quando desacelerar, ir mais rápido e quando investigar os obstáculos em seu caminho. "É melhor e mais natural fazer isso engatinhando. Em pé, é mais difícil e, se a criança cai, machuca-se mais", fala Becker.
6) Bebês a partir de seis meses já podem ser estimulados a se deslocar em superfícies seguras, firmes e quentinhas, como um chão de madeira ou um tatame feito com peças de EVA ou borracha. "A melhor maneira de motivar a criança a se movimentar é abrir espaços livres de obstáculos e deixá-la à vontade para explorar", diz o pediatra Daniel Becker.
Fonte: Do UOL, em São Paulo, de 18/10/2013.

Um comentário:

Paulo Gurgel disse...

Belo texto.
Vinculei uma de minhas notas a esta postagem.
http://blogdopg.blogspot.com.br/2013/07/quem-tem-pressa-vai-devagar.html

 

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