Meraldo Zisman (*)
Médico-Psicoterapeuta
07.08.13
Os
idiotas, ao final de sua jornada na terra, não agradecem a Deus, ou a Belzebu,
ou a qualquer outra entidade, por terem vivido, porém se desculpam perante
Elas, por terem, apenas, passado pela vida. E, o mais triste de tudo é que,
quando partem para sempre, possuem, somente, para apresentar como curriculum
vitae, um somatório dos anos vividos. Portanto, considero a idade como a
mais imbecil das virtudes, senão, a mais parva delas.
A
expressão “a antiguidade é um posto” representa um dos maiores absurdos.
Conheço gênios, santos, imbecis, gente boa, ou ruim, de todas ou quaisquer
qualidades ou idades.
Devemos
atinar para o sexo, ainda, em casos de idiotice ou estupidez. As idiotas, eu
ressalvo, nunca são tão idiotas como se crê por aí: os idiotas, é que o são. Na
mulher, a idiotice se desculpa, quando se em conta a juventude e a beleza:
passa a ser afrodisíaca. Vale consultar Lolita,
um livro publicado em 1955, do escritor russo-americano Vladimir Nabokov, que
fez um grande sucesso. Ele serviu de enredo para dois filmes e, ademais, batizou duas gírias de
naturezas sexuais: as lolitas e as ninfetas, significando,
ambas, meninas menores de idade, ou pubescentes, sexualmente atraentes e/ou
precoces. E permaneceu como estereótipo de
menina adolescente, hiperdesenvolvida, sexualmente, e sedutora.
Não
acredito em certos ditos populares, a exemplo do que diz que a idade (ou
antiguidade) é uma patente (um posto). Antigamente, as pessoas conheciam bem o
seu lugar. Não reclamavam. Não falavam. Reconheciam o seu espaço, sendo as
primeiras a se autoproclamarem idiotas. Sabiam que o mal era inato e, desde
criança, ficavam conformadas até a morte, quietas em seus cantos. Aguardavam o
recebimento de ordens, inclusive, para mudar uma cadeira do lugar. Humildes,
prudentes, sempre dispostas a obedecer às solicitações de quem fosse mais
inteligente. Tudo corria sem problemas e sem maiores reivindicações.
A partir
do século XIX, surgiu Karl Marx (1818-1883), para acordar os idiotas. O
despotismo da maioria ganhou corpo, passando-se a reivindicar certos direitos:
sociais, culturais e econômicos. Sabendo-se, maioria, passou, depois, a mandar.
Aconteceu,
então, a pior das coisas para a humanidade, pior mesmo que a bomba atômica: a
entrega do poder para os idiotas, agora, idiotas globais. Estes, quando não
concordamos com eles, exterminam os demais, sem a menor piedade. De qualquer maneira, um idiota pobre não
deixa de ser um idiota, como um idiota rico, também. A questão é que o poder, além
de prestigioso, é afrodisíaco. Sendo assim, o que podemos fazer para combater a
idiotice crônica que assola as multidões?
(*) Professor Titular da Pediatria da Universidade de Pernambuco.
Psicoterapeuta. Membro da Sobrames/PE, da União Brasileira de Escritores (UBE)
e da Academia Brasileira de Escritores Médicos (ABRAMES).
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