quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

GREVE DE SURDEZ



João Brainer Clares de Andrade (*)
Os méritos são muitos. Passam da boa formação de profissionais em cursos que pontuam notas máximas nas avaliações do MEC, até pesquisas de ponta que levam também extensão a diversas comunidades assistidas pelos programas dessas universidades. A pós-graduação leva ainda mais: lapida profissionais egressos ou não dos assentos da casa para a docência ou pesquisa, dando fôlego à expansão do ensino e agregando peso aos novos empreendimentos do Estado. As conquistas são várias, os méritos são grandes, mas as dificuldades superam, a despeito da boa vontade de se fazer muito com o pouco que há...
O esforço é hercúleo e culmina hoje na fadiga. Os últimos sete anos da gestão Cid Gomes permitiram que as três universidades não definhassem, mas ainda é pouco. Foi-se acumulando um déficit de docentes efetivos que atingiu limiar insuportável: cursos se estendem por 2 ou 3 anos além do previsto pela falta de docentes, além do custeio que não acompanhou a carestia dos insumos e os investimentos necessários à manutenção ou expansão do ensino e pesquisa.
E o grande problema é a falta de diálogo: há surdez seletiva no Palácio da Abolição. Por sete anos, raras vezes os reitores foram recebidos e mais raramente tiveram suas demandas atendidas. Setores do governo blindam o governador de um desgaste inerente à sua própria inércia com o ensino superior público estadual; velam as três universidades estaduais na tentativa de evitar a inanição e, assim, abonar os custos.
Se há uma greve em curso há 3 meses, há outra vinda do governo há mais de 7 anos... É uma longa greve de surdez ao ensino.
(*) Médico pela Universidade Estadual do Ceará (Uece)
Publicado In: O Povo, Opinião, de 15/01/2014. p.6.

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