sexta-feira, 9 de fevereiro de 2024

Crônica: “Se Deus quiser e Nossa Senhora defenda!!!” ... e outro causo

Se Deus quiser e Nossa Senhora defenda

Sufoco pra mais de metro passou o "Poeta dos Cachorros" - nosso Jair de Moura Moraes - na antevéspera do Natal, dia de apresentação de sua Banda Marmota nas Tapioqueiras da Messejana. Saiu cedo de casa, na Lagoa do Opaia. Papo agradável com o motorista do Uber sobre a diferença entre a pessoa casada e a amancebada ("o amancebado é junto sem comunhão de bens", advogava), ele acabou esquecendo o celular no banco traseiro do carro. Cinco minutos após o desembarque, deu fé que havia esquecido o telefone.

Pediu ao pastorador de carros do lugar a gentileza de ligar pro número do celular dele, na esperança de o Uber atender e, tão logo pudesse, devolver-lhe o instrumento de comunicação móvel. Não atendeu. Lembrou então da ciumentíssima esposa Chica Só Pode. Pediu que o pastorador fizesse mais essa ligação. Deu certo.

- Chica! Sou eu, mulher!

- De quem é esse celular, Jair?

- Deixei no Uber! Tô ligando desse aqui, dum amigo, pra pedir que tu...

- Começou ceeeedo! Tem rapariga na jogada que eu sei! Como se eu não te conhecesse, sujeito!

- Chica, pelo amor de Deus! Liga e pede pro Uber me devolver que pago a corrida!

- Jaiiiir! Parece que eu tô é vendo! Tu, sem dinheiro no motel com a fuampa lambida, pendurou o celular pra num ser preso, e agora vem tirar a suja comigo!

- Chica, liiiiiiga!!!

Mulher ligou. Uber atendeu. Chica Só Pode partiu pra ignorância!

- Onde é o motel, hein?

- Desculpa, senhora. É o celular que um passageiro deixou no meu carro.

- É? Pois fale aí o nome que apareceu no visor do aparelho quando eu liguei?

- Mamãe...

Chica subiu nas paredes. Contou até mil, esperou o Poeta religar. E religou, cuidadoso.

- Falou com ele, Chica?

- Chiiiica? Aqui é "mamããããe"!

- Oi, mãe!!!

- Mamãe é a tua mããããe!!!

PS: Chica pediu ao Uber que devolvesse o celular de Jair pra ela, pra vasculhar todo conteúdo - a senha era a data de nascimento do caçula deles. Quase passagem de ano e Jair ainda toca nas Tapioqueiras.

Contando com o ovo...

Entregador de pizza por aplicativo, Pedim Gago era pouco cuidadoso com a higiene pessoal, especialmente o desbaste das unhas. Freguesa atenta percebeu a arrumação, na derradeira entrega: as da mão direita enormes. Para o bem de Pedim, ela deu um toque.

- Garoto, suas unhas! Grandinhas, né?

- Ah, as da mão direita!!!

- Sim! Carecendo duma tesoura!

Pedim Gago, queixudo feito a gota...

- Pois é, dona Maria! Unhas da mão direita sempre grandes porque eu toco violão.

- Bacana! Eu tenho um Gianinni no quarto, novinho! Vou buscar pra você tocar a "Marcha dos Marinheiros", meu Dilermano Reis!

- Toco em serviço não, minha senhora!

- Eu falo com seu gerente!

- Não, não! Pra ser bem franco, eu não toco violão! Mas deixo as unhas assim, grandes, já no ponto de tocar, quando eu aprender!

Fonte: O POVO, de 29/12/2023. Coluna “Crônicas”, de Tarcísio Matos. p.2.

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