sábado, 7 de setembro de 2024

O TABAGISMO COMO DOENÇA: como e onde buscar apoio para deixar de fumar?

Por Karine Lane, jornalista de O Povo

Do cigarro comum ao eletrônico, os malefícios do tabagismo geram preocupação em função dos riscos de doenças como câncer de pulmão e problemas cardiovasculares.

A decisão de parar de fumar é difícil e cercada de dúvidas. É melhor parar de uma vez ou reduzir aos poucos? Adianta parar agora se eu já fumo há tanto tempo? Quando começo a perceber os benefícios? Onde encontrar tratamento gratuito? Se precisar de apoio, tenho onde conseguir? Como vou lidar com os momentos de abstinência do vício?

Além de causar dependência, o fumo aumenta os riscos de enfermidades como as cardiovasculares e os cânceres — fato que já estampa desde as carteiras de cigarro até as campanhas de conscientização sobre o tema há bastante tempo.

Não faltam alertas sobre os riscos de doenças causadas pelo tabagismo: “Você sofre”, “você envelhece”, “você infarta”, “você adoece”, “você brocha”, “você morre”. Acompanhadas de imagens fortes, essas e outras mensagens advertem os fumantes a cada nova carteira adquirida e têm ajudado a diminuir a prevalência do tabagismo entre brasileiros desde 2017.

Com esforços em muitas frentes a partir de medidas de controle do tabaco, o Brasil conseguiu reduzir em 35% o consumo e se tornou um dos líderes mundiais na redução do tabagismo, de acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgados em janeiro de 2024.

O País também compartilha, junto aos demais países da América do Sul, a distinção de fazer parte da primeira região no planeta ‘livre de fumaça’: todas as nações da região possuem leis que proíbem o fumo em espaços fechados, locais de trabalho e no transporte público.

Na tentativa de desestimular essa iniciação ao uso do cigarro, o governo federal retomou a política de aumento de preço sobre cigarro. Com a decisão, publicada no Diário Oficial da União (DOU) em 1º de agosto, ficou estabelecida a alíquota específica de R$ 2,25 por vintena (20 unidades) e preço mínimo de venda de cigarros no varejo de R$ 6,50 por maço ou box (20 cigarros).

Nas regras atuais, a alíquota específica é de R$ 1,50 e o preço mínimo de R$ 5 por maço. Uma medida necessária, já que o tabaco ainda mata mais de 8 milhões de pessoas por ano, de acordo com a OMS.

Só no Brasil são mais de 161 mil mortes anuais atribuíveis ao uso de tabaco, o que representa 443 mortes por dia e leva o tabagismo a ser o terceiro fator de risco para anos de vida perdidos ajustados por incapacidade.

Em outras palavras, é a maior causa evitável isolada de adoecimento e mortes precoces em todo o mundo. Os males causados por cigarros comuns, cigarros eletrônicos, cigarrilhas, charutos, fumos de cachimbo, narguilé, rapé e outros são conhecidos, mas nem sempre isso é suficiente para a tomada de decisão mais importante: abandonar o hábito.

Isso porque o fumante não é o único que se debilita com a prática. Quem também sai prejudicado são os fumantes passivos, que inalam a fumaça de derivados do tabaco. As partículas contêm substâncias tóxicas como alcatrão e nicotina, que podem causar asma, alergias, bronquite, pneumonia, doenças cardíacas e câncer de pulmão. Mesmo que não haja contato direto com a fumaça, a fuligem que fica impregnada em peças de roupa, por exemplo, pode causar alergias, doenças pulmonares e cutâneas.

O meio ambiente está incluído entre os principais afetados, com danos que vão desde o cultivo de tabaco até o descarte de bitucas e dos dispositivos. Pesquisas apontam que fumantes jogam, em média, 10 bitucas de cigarro por dia em vias públicas.
Parar de fumar, portanto, reduz o risco de doenças pulmonares e cardiovasculares, prolonga a vida, melhora as capacidades sensoriais e a aparência, reduz gastos com cigarros e tratamentos e ainda ajuda o meio ambiente.

Políticas públicas, campanhas educativas, intervenção médica, terapias de substituição de nicotina, apoio psicológico e grupos de suporte são fundamentais nesse processo, que não precisa ser encarado sozinho.

Dificuldades, incertezas, insônia, estresse e pressões externas podem dificultar, mas não devem ser motivo para desistir do plano de parar de fumar. Abandonar a dependência é um desafio, mas é a melhor saída.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 1/09/2024. Ciência & Saúde. p.14-15.

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