“E desde então, sou porque tu és
E desde então és
sou e somos...
E por amor
Serei... Serás... Seremos...”
(Do poeta Pablo Neruda, soneto XVII, traduzido por Carlos Nejar)
Querida
família e amigos,
Hoje,
reunimo-nos para celebrar a vida de uma mulher excepcional, Maria Zélia
Rouquayrol, que partiu de nossas vidas, mas deixou um legado imenso e um amor
que nunca se apagará. Nascida na Sertânia de Pernambuco em 3 de setembro de
1931, Maria Zélia foi uma luz que iluminou o caminho de muitos, especialmente
de sua amada família.
Como
professora universitária, Maria Zélia dedicou sua vida ao ensino e à pesquisa
sobre doenças parasitárias e Epidemiologia. Sua paixão pela ciência e pela
educação era evidente em cada aula que ministrava e em cada projeto que
coordenava, incluindo a publicação do boletim de saúde da célula de vigilância
epidemiológica. Sua curiosidade e determinação a levaram a conquistar marcos
importantes em sua carreira, como sua especialização no Instituto de Medicina
Tropical de Antuérpia, na Bélgica, o mestrado em Saúde Pública pela Tulane
University, nos Estados Unidos, e o doutorado em Higiene e Saúde Pública pela
Universidade Federal do Ceará.
Maria
Zélia também foi agraciada com diversos títulos e honrarias, incluindo Cidadã
Cearense em 2005 e Cidadã de Fortaleza em 2002. Em 2002, recebeu a Medalha
Comemorativa do Centenário da Organização Pan-Americana da Saúde, reconhecendo
sua valiosa contribuição à saúde pública. Em 1998, tornou-se Professora Emérita
da Universidade Federal do Ceará e, em 2013, foi homenageada com o Troféu
Sereia de Ouro do Sistema Verdes Mares.
Em
casa, era uma mulher alegre, espontânea e criativa, que apreciava as coisas
simples da vida. Sua varanda era o canto preferido, onde gostava de desfrutar
de momentos tranquilos e acolhedores. Maria Zélia era fã de comidas caseiras,
especialmente tapioca e cuscuz com leite, e tinha um gosto especial por frutas
frescas. Sua beleza era natural, com pouco perfume e maquiagem, mas seu brilho
interior era inegável.
Amava
o teatro, o cinema e dançar em salão, sempre acompanhada pelas canções que
tocavam seu coração. As músicas de Luiz Gonzaga e Roberto Carlos, além de
“Glória Aleluia” e “Edelweiss” do filme A Noviça Rebelde, ecoavam em sua casa,
trazendo alegria e felicidade.
O
maior legado que Maria Zélia nos deixou foi sua determinação inabalável e sua
capacidade de sonhar. Ela sempre esteve à frente de seu tempo, inovando e
acreditando que, através do esforço e do estudo, poderia alcançar seus sonhos.
Sua dedicação à educação dos filhos foi imensa; ela ofereceu todo o seu amor,
alegria e vivacidade a Leda, Vera, Paulo Junior e Pedro Leopoldo, que, por sua
vez, transmitiram esses valores a seus 11 netos e 6 bisnetos.
Maria
Zélia foi uma mulher honrosa, corajosa e inteligente, uma fonte de inspiração
que continuará a brilhar nas vidas de todos que tiveram o privilégio de
conhecê-la. Seu legado na pesquisa da Epidemiologia no Brasil e sua inestimável
contribuição para a saúde pública serão lembrados por muitos, sempre com
gratidão.
Que
a memória de Maria Zélia Rouquayrol nos inspire a valorizar as coisas simples
da vida, a amar incondicionalmente e a buscar nossos sonhos com coragem e
determinação. Que ela descanse em paz, sabendo que o amor que deixou em nossos
corações é eterno.
Com
carinho e saudade,
Notas: Carta-homenagem
lida pelo cerimonialista antes do início da Missa de corpo presente em 14/02/2025.
A
filha Vera Rouquayrol escreveu todas as informações, dados mais pessoais e
íntimos, como gosto musical, comidas, lugar preferido da casa, personalidade
etc., etc. O cerimonial do complexo velatório Aethernus
transformou os informes em um texto, organizando-os em uma redação para a
leitura da ocasião.
Os
versos do poeta Pablo Neruda, expostos na projeção da fotografia da Profa. Maria
Zélia Rouquayrol durante a missa, também foram escolhidos por Vera Rouquayrol.
Marcelo Gurgel Carlos da Silva
Amigo
e colaborador da Profa. Zélia