Por José Nelson Bessa Maia (*)
A economia global
encontra-se em meio a tensões protecionistas, conflitos geopolíticos no
Oriente Médio e instabilidade financeira geradas pela nova gestão do presidente
dos EUA, Donald Trump. Os riscos de colapso no comércio e no crescimento econômico
exigem ações anticíclicas, de modo a impedir o caos e superar as turbulências.
Nesse contexto desafiador é que a China adotou medidas financeiras para
preservar o seu crescimento. As novas medidas constituem um esforço para
estabilizar a conjuntura, oferecendo apoio aos setores mais vulneráveis e
ajudando o país a enfrentar a persistente incerteza global.
Como tudo na
China as medidas adotadas seguem um planejamento estatal abrangente e focado em
resultados. As medidas financeiras em execução para estimular o crescimento
refletem as diretrizes adotadas na sexta Conferência de Trabalho Financeira
realizada ainda em outubro de 2023. A Conferência é uma reunião de mais alto
nível do setor financeiro da China, e suas políticas na área de regulamentação
têm enorme impacto sobre o desenvolvimento de longo prazo das finanças
chinesas.
Na citada
Conferência, o presidente chinês Xi Jinping expôs o seu pensamento sobre as
reformas financeiras, introduzindo uma inovação na Economia Política Marxista
em relação às questões financeiras e fornecendo diretrizes para promover o
desenvolvimento do setor financeiro na nova conjuntura de desenvolvimento da
China, orientando os órgãos governamentais a otimizar os serviços financeiros,
promover a abertura financeira de alto padrão e impulsionar o processo de
internacionalização da moeda chinesa.
A Conferência
delineou oito propostas para o setor financeiro da China, dentre as quais: i)
acelerar a modernização institucional do setor; ii) fornecer serviços de alta
qualidade para o desenvolvimento; iii) promover a abertura financeira; iv)
fortalecer a regulamentação financeira; v) prevenir e resolver riscos
financeiros, e vi): aprimorar a gestão macroprudencial do financiamento
imobiliário. Tais pontos visam a abrir o sistema financeiro do país, tornando-o
mais eficiente, estável e vinculado ao mercado global.
Em suma, as
reformas ajudam a integrar mais a China na economia mundial, facilitando o
comércio e o investimento. Com a abertura de segmentos financeiros a
investidores e a modernização do sistema, o país se torna um ator ainda mais
confiável. Além disso, a internacionalização do yuan chinês oferecerá
alternativa às moedas tradicionais nas operações comerciais e financeiras entre
fronteiras, o que influenciará as dinâmicas econômicas. Tais mudanças também
incentivam outros países do Sul Global a adotarem reformas similares, em
especial no BRICS, reforçando, assim, a estabilidade e a integração no sistema
financeiro global.
(*) Mestre em
Economia e doutor em Relações Internacionais pela UnB e ex-secretário de
Assuntos Internacionais do governo do Ceará. Pesquisador independente das relações China-Brasil, China-Países
Lusófonos e China-América Latina.
Fonte: O Povo, de 6/07/25. Opinião. p.19.
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