Por
Romeu Duarte Junior (*)
Diz o filósofo contemporâneo Falcão que o
dinheiro não é tudo, mas é cem por cento. O grande bardo irlandês Oscar Wilde
dizia que, quando jovem, pensava que o dinheiro era a coisa mais importante do
mundo. Mais tarde, quando adulto, teve plena certeza disso. Fico com esta do
Karl Marx: "O capitalismo gera o seu próprio coveiro". Poderia gastar
quilos de papel e litros de tinta citando autores afamados que gastaram parte
do seu precioso tempo refletindo sobre a bufunfa e os seus efeitos. Prefiro
matutar sobre as caraminholas que o arame tem criado recentemente nos
recônditos de duas paixões nacionais: a política e o futebol. As coisas estão
aí, na nossa cara, só que é preciso lê-las e compreendê-las. Narrativas são
para quem adora babar na gravata. Camadas, então, nem se fala.
O réu inelegível e inviajável e a sua turma
aguardando a hora de entrar na van para ir à Papuda. A grande quantidade de
pobres de direita que ainda defendem as ideias de quem os tortura
cotidianamente. Os candidatos reacionários há mais tempo na vitrine (caiado,
tarcísio, zema) que não conseguem empolgar o gado. A faria lima e a paulista
querendo pressa na definição do nome que vai enfrentar Lula no ano que vem. Os
engomadinhos presidentes da Câmara e do Senado, oportunistas e chantagistas,
prestando-se a fazer o jogo imundo para impedir o governo de governar. A
resposta artificialmente inteligente da esquerda (até que enfim...), o j'accuse
relativo a quem é, de fato, inimigo do povo brasileiro num congresso afeito a
mamatas. O refluxo dos canalhas. Muita grana. O Brasil hoje.
Enquanto isso, o campeonato mundial de
clubes bomba. Cifras milionárias, repasses aos times idem, contratos
estrambóticos, tudo superlativo no reino da bola. Ao mesmo tempo, a miséria das
equipes nas séries B, C e D do Brasileirão, que não pararam para ver a banda
passar, e a sombra e a água fresca dadas aos escretes da A. Algumas perguntas
me assaltam: por que os nossos craques dão até um braço, disputam no
pé-de-ferro, entram em divididas, se esfalfam nas suas onzenas estrangeiras e
na seleção são um fiasco total e completo? Será que a Canarinho deixou de ser o
sonho máximo dos nossos jogadores? Ou é porque há mais papel bordado num lance
do que em outro? Só o Sérgio Redes, meu bom amigo, para dirimir essas dúvidas.
E a final, como será? Aguardemos...
Claro, na política, assim como no futebol,
sempre houve dinheiro, muito dinheiro. Nessa briga de hashtags e caneladas
ainda haverá muita água para correr debaixo da ponte. Num campo, a desfaçatez
em abiscoitar emendas estratosféricas sem qualquer controle público enquanto se
procura aumentar os próprios vencimentos e o número de parlamentares e reduzir
os investimentos em saúde e educação. No outro, a flagrante desigualdade entre
os jogadores da várzea nacional e os bambambãs da cena internacional, ao tempo
em que um dos principais símbolos do País vai para o brejo, situação marcada
também pela corrupção na CBF. Se formos falar em religião, outro assunto
caviloso, o impasse será tal e qual. Ah, Bandeira, o jeito é tocar um tango
argentino. Sem o milei, né?
(*) Arquiteto e
professor da UFC. Sócio do Instituto do Ceará. Colunista de O Povo.
Fonte: Publicado In: O Povo, de 7/07/25. Vida & Arte. p.2.
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