Por Emanuel
Freitas da Silva (*)
Depois que o IBGE publicou, no começo
deste mês, os dados referentes à religião coletados por ocasião do Censo 22,
ficamos a saber que: 1 - embora tenhamos lideranças evangélicas com
considerável presença na esfera pública, e igrejas de diversos matizes a compor
o quadro urbano de nossas cidades, o número de evangélicos no Ceará é pouco
mais de 1,5 milhão de pessoas, ou 21% do total (um crescimento de 400 mil
pessoas em 12 anos); 2 - o número de católicos, ainda que tenha sido reduzido
em quase 10 pontos percentuais, é ainda majoritário, com pouco mais de 5
milhões de cearenses, fazendo do estado o segundo maior do país em termos de
identidade católica.
Em se tratando de catolicismo, ainda
temos um outro marco: está no Ceará a cidade mais católica do país, dentre os
municípios com mais de 100 mil habitantes Crato, com 82% de católicos.
Que fatores explicam a ainda pujante
identificação católica do cearense? Possuímos uma pluralidade de expressões do
catolicismo por aqui. A começar, um sem número de santuários que se tornaram
pontos de peregrinação: Juazeiro, Canindé, Quixadá, Fortaleza, Caucaia e, mais
recentemente, Santana do Cariri. Tudo devidamente acompanhado da ação do poder
público, urbanizando áreas do entorno dos locais sagrados, tornando-os uma rota
para o turismo religioso.
Depois, daqui surgiram importantes
expressões nacionais e internacionais do catolicismo carismático e de suas
derivações: Comunidade Shalom, Recado, COT, Face de Cristo, Instituto Hesed,
Nova Jerusalém. Tais comunidades e institutos que atraem muitos jovens com a
retomada da mística católica e mesmo de certo tradicionalismo renovado realizam
importante trabalho missionário de freio à perda de fiéis e de reencantamento
do catolicismo para as novas gerações.
Basta lembrar, para tanto, o público do Halleluya,
evento que disputa a presença da juventude com o Fortal a cada ano superando a
marca de 1 milhão de pessoas.
Sem falar das pastorais, sempre com
presença ativa nas paróquias até mesmo a da diversidade já consta entre as
acolhidas pela Arquidiocese.
Os dados trazidos pelo Censo já devem
guiar o trabalho digitalizável do novo arcebispo de Fortaleza, Dom Gregório, num
ethos distintíssimo ao do seu antecessor.
(*) Professor adjunto
de teoria política da Uece/Facedi.
Fonte: Publicado In: O Povo, de 25/06/25.
Opinião. p.16.
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