sexta-feira, 21 de junho de 2013

SÃO MAXIMILIANO KOLBE: patrono da imprensa e mártir da caridade




Rajmund Kolbe nasceu em 8 de janeiro de 1894, em Zdunska Wola, perto de Lodz, na Polônia, sendo o segundo filho de Juul Kolbe e Maria Dubrowska, um casal de operários profundamente religiosos, em um lar parco em conforto material, porém compensado na plenitude da fé e acolhedor da vontade divina.
Em 1907, quando contava 13 anos, Rajmund Kolbe entrou no seminário dos Frades Menores Conventuais, denunciando forte vocação religiosa. Ao fazer a sua profissão de fé, em setembro de 1910, recebeu o nome de Maximiliano Maria.
Concluídos os seus estudos preliminares, foi ele enviado a Roma para obter doutorado em Filosofia e em Teologia. Na Cidade Eterna, estudou Filosofia, no Colégio Gregoriano, de 1912 a 1915, e cursou Teologia, no Colégio Seráfico, entre 1915 e 1919.
Em 1917, motivado por um amor incondicional à Mãe de Jesus, fundou o movimento de apostolado mariano “Milícia da Imaculada”, uma ferramenta, sem dúvida, colocada nas mãos da Medianeira Imaculada, para a conversão e santificação de inúmeros fiéis.
Aos 24 anos, em 1918, foi ordenado sacerdote e, já no ano seguinte, em 1919, voltou à sua pátria, para lecionar no Seminário Franciscano, em Cracóvia, quando, então, organizou o primeiro grupo da milícia fora da Itália.
Com a devida permissão de seus superiores, Maximiliano passou a se dedicar mais à promoção da milícia, movido pelo desejo de que muitas almas conhecessem a Deus com profundidade e devotassem maior amor à Nossa Senhora, daí começando a evangelizar, através da imprensa escrita. Em 1922, mesmo sem dispor de recursos financeiros, fundou a revista mensal “Cavaleiro da Imaculada”, com larga aceitação, ao ponto de, em poucos anos, alcançar uma tiragem de um milhão de exemplares. Após a veiculação dessa revista, outras iniciativas editoriais vieram no seu encalço, como: uma revista para crianças, sob o título “Pequeno Cavaleiro da Imaculada”; uma revista latina para sacerdotes, a Miles Immaculatae, e um diário que chamou de “Pequeno Jornal”, com 200 mil exemplares. O apostolado da imprensa era, assim, o seu carisma.
No ano de 1927, ele implantou um centro de evangelização, próximo à Varsóvia, denominado Niepokalanow, a “Cidade da Imaculada”. O local era um verdadeiro recanto de oração, funcionando, também, como um animado entreposto de serviços, para aqueles franciscanos comprometidos com a evangelização, por meio da imprensa.
A esse tempo, o Santo Padre solicitou dos religiosos que auxiliassem os esforços missionários da Igreja. Atendendo ao pedido do Sumo Pontífice, Maximiliano e quatro irmãos de ordem partiram, em 1930, para o Japão, fundando, em 1931, o mosteiro de Nagasaki, comparável ao Niepokalanow. Em meados de 1932, ele saiu do Japão para Malabar, na Índia, instalando ali uma terceira casa Niepokalanow, a qual não subsistiu, dada à falta de pessoal, para colaborar com a obra. Era seu desejo rumar para os países árabes, com a intenção, também, de fundar revistas e jornais que propagassem a devoção à Imaculada, como instrumento de divulgação cristã. A falta de saúde, no entanto, obrigou-o a reduzir seu trabalho missionário, retornando à Polônia, em 1936, como diretor espiritual de Niepokalanow.
No período que vai de 1936 a 1939, início da II Grande Guerra, Maximiliano Kolbe redobrou seu zelo no apostolado da imprensa, enquanto se ocupava também da direção do convento e da formação de duzentos jovens. Em 8 de dezembro de 1938, dia de Nossa Senhora da Conceição, o mosteiro pôs no ar sua estação de radiofônica. Em 1939, o mosteiro albergava uma comunidade religiosa com cerca de 800 homens, tida como a maior do mundo em sua época, sendo ela completamente auto-suficiente.
Em 1º de setembro de 1939, as tropas nazistas, de surpresa, invadiram a Polônia, dizimando qualquer resistência. Os frades foram dispersos e Niepokalanow foi saqueada pelos invasores. Frei Maximiliano e cerca de 40 outros frades foram aprisionados em campos de concentração, dos quais foram liberados na celebração da Imaculada Conceição do mesmo ano.
S. Maximiliano Kolbe
Em pleno desenrolar da II Guerra Mundial, Niepokalanow abrigou considerável número de refugiados, incluindo cerca de dois mil judeus. A Gestapo acabou por prender Frei Maximiliano, em 17 de fevereiro de 1941, transferindo-o para Auschwitz, em 25 de maio, como o prisioneiro de nº 16.670.
Em julho de 1941, um homem, da mesma seção de Kolbe, fugiu e, em represália, os nazistas decidiram mandar dez outros prisioneiros para uma cela isolada, onde deveriam morrer de fome e de sede. Francis Gajowniczek, um dos dez marcados para morrer, lamentou-se, então, pela família que deixava, queixando-se que tinha mulher e filhos, pelo que Kolbe pediu para assumir o seu lugar, sendo o pedido aceito, sem mais delongas.
Na verdade, o frade Kolbe acatava o martírio para praticar, heroicamente, seu múnus sacerdotal, prestando assistência espiritual e auxiliando a morrer, na graça de Deus, aqueles infelizes condenados. Decorridas duas semanas, apenas quatro dos dez homens havia sobrevido, incluindo o próprio Kolbe. Os nazistas decidiram então executá-los, aplicando-lhes uma injeção de ácido carbólico. O calendário marcava o dia 14 de agosto de 1941, como o da entrada de Maximiliano no céu.
O corpo de Maximiliano Kolbe foi cremado e suas cinzas lançadas ao vento. Em uma carta que escrevera, tempos antes, em tom de profecia, quase prevendo seu fim: “Quero ser reduzido a pó pela Imaculada e espalhado pelo vento do mundo”. Tal como pensou, assim aconteceu.
Ao final da Segunda Guerra, teve início um movimento pró-beatificação do Frei Maximiliano Maria Kolbe. Em 17 de outubro de 1971, ele foi beatificado pelo Papa Paulo VI. Assim como o Mestre Jesus Cristo, ele amava seus semelhantes ao ponto de sacrificar sua vida por eles. Nas palavras de abertura do decreto papal, originado do processo de beatificação, Sua Santidade desse modo se pronunciou: “Não há amor maior do que dar a própria vida pelos seus amigos ...”.
Passados onze anos, em 1982, na presença de Franciszek Gajowniczek, o homem pinçado para morrer, e de quem Kolbe tomara o lugar, e que lograra sobreviver aos horrores de Auschwitz, São Maximiliano foi canonizado pelo Papa João Paulo II, como mártir da caridade. Por seu intenso apostolado, é igualmente referendado como o “Patrono da Imprensa”.
Desde julho de 1998, em frente à Abadia de Westminster, em Londres, ergue-se uma estátua de Kolbe, colocada ali sob as bênçãos da Igreja Anglicana da Inglaterra, integrando um conjunto monumental que reverencia à memória de dez mártires do século XX; dentre esses, inclui-se, meritoriamente, o polaco Rajmund Kolbe, canonizado como São Maximiliano, para honra e glória dos altares da Santa Madre Igreja, em todo o mundo cristão.
Marcelo Gurgel Carlos da Silva
Integrante da SMSL
* Publicado In: Boletim Informativo da Sociedade Médica São Lucas, 9(71): 4-5, junho de 2013.

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