Por Ricardo Alcântara
(*)
Não importa quem será o próximo presidente da República:
tudo fará o PMDB para penetrar em seu governo mediante métodos de há muito
praticados: a força de sua bancada no congresso será usada para castrar
qualquer intenção de moralidade.São regras de pano verde: cargos pra cá, votos pra lá. Fazem uma política de cassino: elegem presidentes do congresso nacional para atuarem como crupiês, distribuindo cartas marcadas e fazendo girar dados viciados. É assim e assim é.
A urdidura coloca os termos constitucionais sob pressão permanente, democracia paga ao elevado custo de sua insignificância de fato. Nenhum vestígio de interesse público sobrevive à sua corrosão sem que se pague o soldo. É tudo cash.
Pois o partido tem candidato declarado ao governo do Estado do Ceará. Ele se chama Eunício Oliveira, senador e empresário, não necessariamente nessa ordem. O senador dirige a sessão local da sigla como dirige suas empresas: ele manda, ponto.
Não conheço fatos que liguem seu nome a nenhuma
impropriedade específica. Sei apenas que comanda o partido ao lado de gente
como José Sarney, Romero Jucá e Renan Calheiros e com eles se entende bem. Quem
são eles? Vá ao google. Basta.
Será candidato contra um nome indicado pelo governador,
mas nunca se ouviu do senador qualquer reserva a seu governo. À sua
candidatura, justifica com uma motivação personalista: trata-se de “um sonho”.
Seremos seu brinquedinho, então.
Para chegar lá, planeja ajuntar ressentimentos daqueles
a quem o apetite voraz e o oportunismo sem limite dos Ferreira Gomes fizeram
inimigos pessoais onde em qualquer lugar civilizado deveriam estar apenas
adversários políticos.
Daí, irá arrancar de Lula e Dilma um pacto de
neutralidade na disputa local. Digo “arrancar” porque não se trata de
persuasão. É uma continha: o senador senta para a conversa com um punhado de
votos à mão. É o velho PMDB e seus modos.
Vazio de maior substância – até aqui, apenas
fisiologismo ancorado no mérito duvidoso de sua bem recompensada contribuição
ao distribuitivismo lulista – o discurso de Eunício Oliveira carece de bons
antecedentes. Qual sua causa? Ora, o poder.
(*) Jornalista e
escritor. Publicado In: Pauta Livre.
Pauta Livre
é cão
sem dono. Se gostou, passe adiante.
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