terça-feira, 22 de abril de 2014

O GOVERNO SÓ TEM UM NOME: IZOLDA CELA


Por Ricardo Alcântara (*)
A tentativa, frustrada, de fazer de seu irmão mais velho, Ciro Gomes, candidato ao senado daria ao governador duas vantagens: colocaria um potente ‘puxador de votos’ na chapa majoritária e eliminaria a ‘agenda negativa’ da candidatura Nobre Guimarães ao posto.

Com Eunício Oliveira em voo próprio, a chance de Cid eleger seu sucessor fica ancorada no tempo de propaganda e no selo de popularidade do PT. Logo, se quiser tirar Guimarães do páreo, terá de ceder mais: a candidatura ao governo. A menos que o apelo venha de cima.
Cid Gomes tem outros problemas. O maior de todos: não tem candidato. Os disponíveis não têm envergadura para um embate mais acirrado, à exceção, talvez, de Mauro Filho, mas elegê-lo seria libertá-lo da condição de figurante, preço que oligarquias não pagam.

E tem mais um: a grande incógnita eleitoral de 2014 é o comportamento das ruas durante a Copa do Mundo. Uma nova onda de protestos deixaria qualquer profissional da política de quilometragem média em potencial estado de execração. Se vier, é faxina na certa.
Para quem até a pouco exercitava o discurso imperial de que só trataria de sucessão na véspera das indicações, o governador tem problemas de sobra: não há candidato, ficou sem puxador de votos e seu principal aliado, PT, quer impor um senador caixa preta.

Para resolvê-los, o irmão mais novo aposta numa solução do tipo dose única: a indicação de Izolda Cela como candidata ao governo. Ivo Gomes tem razão e a razão é bem simples: nenhum outro nome do Pros criaria maiores dificuldades para Eunício Oliveira do que ela.
Izolda Cela reforçaria a aliança federal: tem o PT dentro de casa (seu marido é prefeito de Sobral), enquanto Eunício Oliveira haverá de formar palanque mais eclético, buscando apoios também entre adversários históricos e recentes do Lulismo no Ceará.

Izolda Cela é mulher, o que a faria potencialmente mais confiável, segundo resulta de sucessivas pesquisas de opinião. O apelo à eleição de uma primeira governadora no Ceará é aspiração de contemporaneidade capaz de balançar o coração da classe média urbana.
Não é só: Izolda Cela é Ficha limpa, blindada pela própria biografia, enquanto o adversário, Eunício Oliveira, é um cacique político cuja liderança fora construída com a aplicação dos mais convencionais métodos de cooptação e financiamento de prestígio eleitoral.  

E tem mais: Izolda Cela, bem sucedida secretária de Educação, entraria na disputa como candidata do sacrossanto ‘campo social’, enquanto seu adversário é 100% ‘política’, perfil acabado de profissional do ramo que a média eleitoral urbana potencialmente rejeita.
Com Izolda, que assina a melhor vitrine do governo (Educação), o governador tentaria desviar a percepção da população, negativada na aflição com os problemas de Segurança, onde ele falhou, para a área onde sua gestão alcançou melhor desempenho. Só vantagens.

Izolda Cela tem dito que não deseja ser candidata. Para encurtar conversa, alega ausência de vocação. Já acreditei mais na sua sinceridade, mas como ela já assinou ficha de filiação ao Pros e renunciou ao cargo para se manter elegível... É assim mesmo que se começa!
(*) Jornalista e escritor. Publicado In: Pauta Livre.
Pauta Livre é cão sem dono. Se gostou, passe adiante.

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