O novo governador do Estado do Ceará, Camilo Santana,
iniciou seu mandato abrindo um diálogo construtivo naqueles pontos que parecem
mais agudos em sua administração. Convocou encontro com os policiais de postura
sempre conflitante com o governo passado. (Leia-se capitão Wagner). Convocou as
lideranças dos professores das universidades estaduais – em greve – e prometeu
realizar concurso o mais rápido possível. Condicionando-o ao encerramento da
greve. Dito e feito.
Estas atitudes estão indicando um novo caminho a ser
construído pelo gestor estadual. No lugar do confronto e desqualificação do
interlocutor – “Não são policiais, mas um bando de marginais!” Lembram-se? – a
compreensão que eles têm algo a dizer. Por isso, devem ser escutados. E, no
caso da academia universitária, a prudência do diálogo, com o encaminhamento
concreto do que impedia avançar. Como disse o capitão Wagner “não tem nem como
comparar.”
Só gostaria, em aproveitando estes gestos de boa vontade
do novel ocupante do Abolição, lembrar-lhe que há mais pepinos a descascar...
Dentre eles: O piso dos professores das referidas universidades estaduais. Essa
querela, que se tornou judicial, desde os tempos do doutor Tasso governador.
Dura até hoje, quase 30 anos. Muitos dos que reivindicavam tal direito, já
morreram. Todas as instâncias judiciais do país já se pronunciaram. É fato
transitado em julgado. Não cabe mais qualquer recurso. Nem para frente, nem
para trás. Resta pagar. E, o Governo do Estado como réu declarado, litigante de
má fé, vem empurrando com a barriga. Sem motivo. Sem razão. Até o último dia
ele se fez ouvidos de mercador... Muitos dos mestres já se aposentaram. E, não
podem receber o que já ganharam em todas as instâncias judiciais. Nem uma greve
é possível e o nosso sindicato apodreceu!
Camilo Santana teria a coragem de restaurar a justiça
para com esses injustiçados? Somos igualmente professores. Somos legitimamente
ganhadores de uma questão com o Estado. E hoje, sendo o primeiro governador do
Partido dos Trabalhadores (PT) no Ceará, teria ânimo de resolver essa parada?
Pelo que fez até agora, sem marketing exagerado, sem bravatas, nos anima acreditar
que logo mais será a nossa vez. Será a concretização do adágio: a Justiça
tarda, mas não falha!
(*) Médico e
antropólogo. Professor universitário.
Publicado In: O
Povo, Opinião, de 24/1/15. p.8.
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