Estamos iniciando o ano 2015. Como será este ano novo? Deixamos de lado
a futurologia e a astrologia. Deixamos de lado também o fatalismo do simples
“como Deus quiser”. Nós cristãos procuremos compreender, à luz dos mandamentos
e dos planos do criador, que, sem em nada diminuir a fé em Deus e o abandono em
sua santa vontade e imperscrutáveis desígnios, o futuro deve ser por nós
construídos. Não há dúvida que o futuro não se adivinhe, mas se edifica. O
amanhã depende do acerto das nossas opções de hoje. O ano 2015 será aquilo que
nós faremos. Acreditamos em Deus e na sua soberania, mas não nos deixamos ficar
num passivo providencialismo ou num fatalismo acomodado. Se tudo depende de
Deus, tudo depende também de nós.
O 1º. de janeiro é a Festa da Solenidade da Santa Mãe de Deus, Maria, e
um dos títulos de Maria é Nossa Senhora da Paz. O primeiro de janeiro também é
o Dia Mundial da Paz e da Fraternidade. No início de cada ano a Igreja Católica
procura trazer à consciência de cada pessoa cristã a importância da paz e o
dever de preservá-la. A melhor maneira de assegurar a paz é trabalhar pela
justiça. A paz é o vértice de todos os bens terrenos. Sem ela perdem substância
todas as conquistas do homem em seus mais variáveis setores.
Hoje, há uma enorme falta de paz no mundo e no Brasil. Basta ver o
crescimento vertiginoso de todo tipo de violência: assassinatos, estupros,
sequestros, prostituição infantil, drogas, abortos, pedofilia, furtos e
divórcios etc. para confirmar essa afirmação. Inicialmente ligados à paz estão
os direitos humanos. Manter a paz à custa dos direitos humanos é uma
contradição em termos. Onde hoje há a insana repressão dos direitos humanos,
amanhã haverá toda forma de violência e, finalmente, a convulsão social.
Obviamente, não podemos contar com todos para preservar a paz, mas com
as pessoas de boa vontade que realmente formam a maior parte das comunidades.
Pessoas firmemente dispostas a preservá-la, constituem uma grande defesa e
estímulo para a paz.
A tranquilidade no lar, a harmonia entre as gerações e a concórdia dos
povos entre si, serão alcançadas pelos esforços dos homens, mas necessitam do
Espírito vivificador de Deus. No Sermão da Montanha Cristo disse: “Bem
aventurados os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus” (Mt 5,
9).
A existência de milhões de empobrecidos em nosso país nos envergonha no
início de mais um ano. A Igreja Católica no Brasil olha o conjunto do país a
partir das massas sobrantes da modernização, e aponta a solidariedade, a união
e a organização do povo como o caminho para uma sociedade mais democrática e
não excludente em 2015.
Que este ano novo então seja um ano de paz, alegria e abundância para
todos, digo isso dedicando lhes as palavras de uma antiga benção irlandesa,
minha terra natal: “Que o caminho seja brando a teus pés; que o vento sopre
leve em teus ombros; que o sol brilhe cálido sobre tua face; que as chuvas
caiam serenas nos campos; e até que, de novo, eu te veja, que Deus te guarde na
palma de sua mão”.
Dr. Brendan Coleman Mc Donald, é padre redentorista e assessor
da CNBB Reg. NE1.
Fonte: O Povo, de 4/1/2015. Espiritualidade. p.14.
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