O engenheiro
aeronáutico Felipe Bastos Gurgel, iteano de 2006, em painel da Embraer de 2007.
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O
jornal O Povo, de 31/12/2014, estampou em suas páginas 7, 9 e 19 anúncios
publicitários de três renomadas escolas de Fortaleza sobre os resultados de
seus respectivos alunos no vestibular de 2015 do Instituto Tecnológico de
Aeronáutica (ITA).
Uma
escola anunciava 11 aprovações, outra reportava 25 aprovados e a terceira
propagava 20 alunos exitosos. A comparação entre os três anunciantes,
recorrendo tão somente ao número absoluto de aprovados, pode ser enganosa, porque
a apreciação mais criteriosa deveria ter em conta o número de inscritos por
instituição para calcular a taxa de aprovação específica.
Um
dos anúncios confrontava a sua cifra com a quantidade aprovada nas capitais
brasileiras de realização dos exames, como São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília
etc., indicando que o seu desempenho, isoladamente, as superava, com a exceção
do obtido em Fortaleza, até porque seus alunos já fazem parte desse rol.
São
José dos Campos, a cidade-sede do ITA, foi contemplada com 45 aprovações, o que
não surpreende, pois nela há um tradicional curso preparatório, que funciona em
tempo integral, recebendo alunos estudiosos, de alto nível socioeconômico, e
procedentes de todo o Brasil, ansiosos para ingressarem no ITA, aos quais oferece
alojamento e suporte pedagógico diuturno.
No
último vestibular do ITA, foram inscritos 7.792 candidatos, com uma
concorrência de 45,84 candidatos por vaga, redundando na taxa final de
aprovação de apenas 2,18%. A capital paulista participou com 1.627 candidatos
(20,88%), mas assegurou só 14 vagas (8,24%) ao registrar uma taxa de sucesso de
0,86%, enquanto Campinas-SP não teve qualquer aprovado entre os seus 438
inscritos.
A
supremacia dos cabeças-chatas cearenses nesse certame fica evidente diante da constatação
de que Fortaleza, com os seus 783 postulantes, representando o terceiro maior
contingente de inscritos (10,05%), amealhou 61 vagas, ou seja, mais de um terço
da oferta (35,88%), fruto da mais elevada taxa de êxito (7,79%) alcançada, da
ordem de 3,6 vezes a média nacional.
São
José dos Campos tomou parte com o segundo maior grupo, formado por 803 (10,31%)
inscritos, apropriando-se de 45 (26,47%) vagas; contudo, em que pese as
excelentes condições de estudo propiciadas aos seus assistidos, logrou uma taxa
de aproveitamento de 5,60%, inferior a que foi auferida pelos concorrentes da
capital cearense. Note-se que Fortaleza e São José dos Campos abocanharam
62,35% dos lugares da nova turma de iteanos.
Os
locais de aplicação com taxa de aprovação superior à média do País foram: Fortaleza
(7,79%), São José dos Campos (5,60%,), Teresina (3,36%) e Rio de Janeiro (2,42%).
Por
certo, o cearense Casemiro Montenegro, marechal-do-ar e fundador do ITA, se
vivo fosse, estaria hoje jubiloso com o feito dos seus conterrâneos
platicéfalos.
Prof. Marcelo Gurgel Carlos da Silva
Do Instituto do
Ceará (Histórico, Geográfico e Antropológico)
* Publicado In: O
Povo, de 12/01/2015. Opinião. p.9.
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