terça-feira, 29 de setembro de 2015

FORMAÇÃO DE BONS MÉDICOS: um imperativo social


Lúcio Flávio Gonzaga Silva (*)
O Brasil possui 257 escolas de medicina, 2º no mundo, perde apenas para a Índia (381), que tem uma população seis vezes maior. São Paulo (44), Minas Gerais (39), Rio de Janeiro (19). O Ceará tem oito, quatro em Fortaleza.
Do total das escolas médicas brasileiras, 60% são privadas, com prestações mensais que variam de R$ 3.0140 a R$ 11.706,15, média de R$ 5.399,17.
Nos últimos quatro anos, foram abertas 81 escolas de medicina (60% privadas). Quase igual à quantidade em 186 anos (82), desde a primeira, a Faculdade de Medicina da Bahia (1808).
Qual é a preocupação? As entidades médicas, o Conselho Federal de Medicina, a AMB e a Abem preocupam-se com a qualidade da formação daquele médico que atende e que atenderá por muitos anos o paciente brasileiro.
Ninguém é contra a criação de boas faculdades de medicina. Exemplo, as de Fortaleza, que têm estruturas adequadas para formar bem. São quatro, uma federal (UFC), uma estadual (Uece), duas privadas, Unichristus e Unifor, todas com boa estrutura e adequado quadro de professores.
O que preocupa são aquelas sem a condição mínima para formar um bom médico. O momento e o local ideal para o futuro médico aprender com bases sólidas é na faculdade de medicina. Oportunidade única, não há outra: depois, quase impossível.
É pensando criticamente a prática de hoje ou de ontem que se pode melhorar a próxima prática (Paulo Freire, “Pedagogia da autonomia”).
É o cenário de prática principalmente, mas também a qualificação dos professores, o foco maior de nossa inquietação. Há 36 cidades autorizadas a criar novas escolas privadas no Brasil, a maioria não atendendo às condições mínimas exigidas pelo próprio MEC.
Um último edital, recentemente, pré-selecionou outras 22 cidades do Norte, Nordeste e Centro Oeste [5 do Ceará (Crateús, Iguatu, Itapipoca, Quixeramobim e Russas)], para ofertarem escolas privadas. Não somos radicalmente contra, absolutamente, discutirmos a necessidade de estrutura adequada ao ensino (hospitais de ensino com infraestrutura a receber acadêmicos para aulas práticas) e, obviamente, professores qualificados.
A sociedade exige bons médicos. Às escolas, a obrigação de formá-los bem. Primeira preocupação, enquanto assistimos a essa desmedida proliferação de faculdades de medicina.
O futuro médico aprende na beira do leito do paciente, ao lado do professor. É assim há séculos.
(*) Médico, professor da Universidade Federal do Ceará (UFC) e conselheiro do Conselho Federal de Medicina.
Fonte: Publicado In: O Povo, de 8/09/2015. Opinião. p.9.

Nenhum comentário:

 

Free Blog Counter
Poker Blog