Lúcio Flávio Gonzaga Silva (*)
O Brasil possui 257 escolas de medicina, 2º no
mundo, perde apenas para a Índia (381), que tem uma população seis vezes maior.
São Paulo (44), Minas Gerais (39), Rio de Janeiro (19). O Ceará tem oito,
quatro em Fortaleza.
Do total das escolas médicas brasileiras, 60% são
privadas, com prestações mensais que variam de R$ 3.0140 a R$ 11.706,15, média
de R$ 5.399,17.
Nos últimos quatro anos, foram abertas 81 escolas
de medicina (60% privadas). Quase igual à quantidade em 186 anos (82), desde a
primeira, a Faculdade de Medicina da Bahia (1808).
Qual é a preocupação? As entidades médicas, o
Conselho Federal de Medicina, a AMB e a Abem preocupam-se com a qualidade da
formação daquele médico que atende e que atenderá por muitos anos o paciente
brasileiro.
Ninguém é contra a criação de boas faculdades de
medicina. Exemplo, as de Fortaleza, que têm estruturas adequadas para formar
bem. São quatro, uma federal (UFC), uma estadual (Uece), duas privadas,
Unichristus e Unifor, todas com boa estrutura e adequado quadro de professores.
O que preocupa são aquelas sem a condição mínima
para formar um bom médico. O momento e o local ideal para o futuro médico
aprender com bases sólidas é na faculdade de medicina. Oportunidade única, não
há outra: depois, quase impossível.
É pensando criticamente a prática de hoje ou de
ontem que se pode melhorar a próxima prática (Paulo Freire, “Pedagogia da
autonomia”).
É o cenário de prática principalmente, mas também a
qualificação dos professores, o foco maior de nossa inquietação. Há 36 cidades
autorizadas a criar novas escolas privadas no Brasil, a maioria não atendendo
às condições mínimas exigidas pelo próprio MEC.
Um último edital, recentemente, pré-selecionou
outras 22 cidades do Norte, Nordeste e Centro Oeste [5 do Ceará (Crateús,
Iguatu, Itapipoca, Quixeramobim e Russas)], para ofertarem escolas privadas.
Não somos radicalmente contra, absolutamente, discutirmos a necessidade de
estrutura adequada ao ensino (hospitais de ensino com infraestrutura a receber
acadêmicos para aulas práticas) e, obviamente, professores qualificados.
A sociedade exige bons médicos. Às escolas, a
obrigação de formá-los bem. Primeira preocupação, enquanto assistimos a essa
desmedida proliferação de faculdades de medicina.
O futuro médico aprende na beira do leito do
paciente, ao lado do professor. É assim há séculos.
(*) Médico, professor da Universidade Federal
do Ceará (UFC) e conselheiro do Conselho Federal de Medicina.
Fonte: Publicado In: O Povo,
de 8/09/2015. Opinião. p.9.
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