Por Pe. Brendan
Coleman Mc Donald
Desde 1971 a Igreja
Católica dedica o mês de setembro à Bíblia. Setembro foi escolhido pelos Bispos
do Brasil como o mês da Bíblia, em razão da festa de São Jerônimo, celebrada no
dia 30. São Jerônimo, que viveu entre 340 e 420, foi o secretário do Papa
Dâmaso e por ele encarregado de revisar a tradução latina da Sagrada Escritura.
Essa versão latina feita por São Jerônimo recebeu o nome de Vulgata, que, em
latim, significa popular e o seu trabalho é referência nas traduções da Bíblia
até os nossos dias.
O tema proposto
para o Mês da Bíblia de 2015 é “Discípulos missionários a partir do Evangelho
de João”, sob a perspectiva do discipulado missionário, conforme o enfoque do
Projeto de Evangelização: “O Brasil na missão continental”. O lema indicado
pela Comissão Bíblico-Catequético da CNBB é “Permanecei no amor, para dar
muitos frutos” (cf. Jo 15, 8-9). Em setembro, em quase todas as paróquias e
comunidades eclesiais há cursos bíblicos. Incentiva-se a leitura e o estudo da
Bíblia. Nas celebrações ela ocupa lugar de especial destaque e os grupos de
reflexão trabalham no sentido de ligar mais os textos lidos com a vida. Quando
ouvimos a palavra “bíblia”, logo pensamos na Palavra de Deus. Esta é a ideia
mais difundida e popular da Bíblia. Ela é de fato a Palavra de Deus, a
comunicação de sua vontade e da sua presença libertadora para todos aqueles que
a procuram com sede e fome de vida mais plena. A Bíblia é o livro mais
conhecido do mundo inteiro. Já foi traduzido para 1.785 línguas. Mesmo assim,
continua sendo um livro desconhecido. Muita gente tem em casa, mas não a abre.
Na Bíblia se
encontra a história do povo de Israel e sua lenta caminhada na descoberta de
Deus que revela ao seu povo o que com ele deseja e faz uma aliança de amor. Os
profetas surgem, chamados por Deus, para mostrar ao povo e às suas autoridades
quando e como estão traindo esta aliança. Os Salmos, orações que brotam do chão
da vida, alimentam o povo em sua caminhada para a realização do projeto de
Deus.
Finalmente, “quando
chegou a plenitude dos tempos, Deus enviou o seu próprio Filho”, a Palavra de
Deus se fez carne e habita no meio de nós. Em Jesus Cristo todas as promessas
de Deus se realizam e se tornam esperanças de vida nova para todos nós. É por
tudo isso que a Bíblia não deve ser um livro que enfeita a estante, não deve
ser o livro de cabeceira que faz passar as horas de insônia, e muito menos ainda
um livro que se transforma em fonte de conflitos e divisões.
Penso que Santo
Agostinho, ao dizer que Deus escreveu dois livros, a Bíblia e a Vida, nos ajuda
a superar os preconceitos e recuperar o verdadeiro sentido da Sagrada
Escritura. Ver, ler a vida do dia-a-dia, nosso dia, o da nossa família, da
nossa comunidade, da sociedade e do mundo e captar aí os apelos de Deus para a
justiça, para a fraternidade, para o amor. Nesse exercício diário vamos
entrando no mundo da Bíblia. Afinal, o que ela conta? A história de uma aliança
de amor entre Deus e seu povo. Aliança esta marcada pela fidelidade e pelas
infidelidades do povo. Aos trancos e barrancos este povo vai aprendendo a
perceber e a viver a vontade de Deus sempre presente e que se fez carne em
Jesus Cristo e que continua atuando em nossa história.
Brendan Coleman Mc Donald é padre redentorista e assessor da
CNBB Reg. NE.
Fonte: O Povo, de 30/8/2015. Espiritualidade. p.27.
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