segunda-feira, 22 de agosto de 2016

O PRESENTE DAS UNIVERSIDADES ESTADUAIS


João Brainer Clares de Andrade (*)
Na Uece, se o governador tiver interesse, há solo para o nunca executado Hospital Metropolitano
O cabo de força entre professores e alunos das universidades estaduais contra o Governo do Estado do Ceará parecer continuar, a despeito do fim da era Cid e sua incapacidade de diálogo. Até poucos anos, Brasília era visitada para se passar a tutela de nossas universidades estaduais ao ente federal. Porém, a “quebra de braço” restou ao erário estadual. Mesmo vencido, Cid parece não ter passado a lição a seu sucessor.
É sabido que uma universidade funciona como força motriz de um estado: há um presente nobre de inovação, formação profissional, qualificação das instituições públicas correlatas e de oportunidades de extensão que levam material de alto nível a comunidades que mais demandam atenção. Por outro lado, há um preço alto que se paga, reacendendo a dúvida de onde obter recursos. No Ceará, o desafio é grande.
No entanto, incentivar a parceria privada, flexibilizar leis que facilitem captar recursos, estabelecer piso de repasse direto de impostos e - por que não? - cobrar, mesmo que simbolicamente, dos alunos que apresentam condições de arcar com ensino superior privado são uma necessidade. Para popularizar as universidades, não é justo que o melhor que se tem em ensino superior seja em sua quase maioria destinado a egressos de escolas particulares. No papel, o incremento mensal, com mensalidade simbólica, mudaria o presente das nossas universidades.
Do outro lado, as universidades podem abrir seus campi; um modelo de integração a escolas, instituições públicas, órgãos de gestão e, principalmente, a rede de saúde. Na Uece, se o governador tiver interesse, há solo para o nunca executado Hospital Metropolitano e, em menor escala, mas não em menor importância, um complexo de ambulatórios de especialidades médicas usando a oportunidade de professores de excelente formação técnica. Investimento e respeito às universidades estaduais presenteariam milhares de pessoas.
O jogo atual se torna inoportuno: o governador se esconde dos compromissos assumidos, degola o sonho da profissão de quase 30 mil estudantes, interrompe pesquisas de ponta, estaciona projetos de extensão que levam saúde e educação a centenas de comunidades na Capital e no Interior. Camilo não negocia, não ouve, não respeita... E a cada dia, perde a oportunidade de viver o presente das universidades estaduais do Ceará.
(*) Médico egresso da Universidade Estadual do Ceará (Uece). Residente de Neurologia do HGF.
Fonte: Publicado In: O Povo, de 22/8/2016. Opinião. p.19.

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