Por Pedro Sisnando Leite (*)
Falando sobre o amor cristão, disse o sumo Pontífice
Bento XVI: “A sociedade justa não pode ser
obra da Igreja, deve ser realizada pela política. Mas, como ao mesmo tempo é
uma tarefa humana primária, a Igreja tem o dever de oferecer sua contribuição
específica para que as exigências da justiça se tornem compreensíveis e politicamente
realizáveis”. Tais orientações serão
analisadas em diálogo com todos aqueles que se preocupam seriamente com o ser
humano e com o mundo. Devem participar pela via da argumentação racional e
despertar forças espirituais sem as quais a justiça não pode prosperar (Deus Caritas est). A justa ordem da sociedade e do Estado é dever central
da política, e esta é de natureza ética. Neste ponto, política e fé tocam-se. O
papa nos indica com isso a importância da vida política e a necessidade da ação
dos católicos na mesma.
O Conselho Episcopal Latino-Americano (Celam) e a
Pontifícia Comissão para a América Latina realizam, de 1º a 3 de dezembro, um
Encontro em Bogotá (Bolívia) com a presença de parlamentares dessa região para
darem continuidade aos debates desenvolvidos na V Conferência Geral do
Episcopado Latino-Americano e do Caribe realizada em Aparecida (Br), em 2007. O
Ceará está presente com a participação do deputado Carlos Matos (PSDB), sendo
convidado especial entre os 70 parlamentares escolhidos pela Pontifícia
Comissão para a América Latina.
O pensamento dominante dessa iniciativa está na
proclamação do papa Francisco, que tem ressaltado que “a política é uma das formas mais elevadas da caridade,
porque serve ao bem comum”. O Encontro de
Católicos com Responsabilidades Políticas propõe-se, também, a estudar as
formas mais eficazes de modalidades, estímulos e forças nas questões de
dirigentes políticos entre os católicos.
Conclui-se, portanto, que na realidade deste continente
há uma notável ausência, no âmbito político, de vozes de líderes católicos que
sejam defensores da doutrina social da igreja. A pobreza aguda, a exclusão
social e o relativismo ético também são preocupações que precisam dos
compromissos dos políticos católicos.
(*) Economista
e professor da Universidade Federal do Ceará (UFC) e e membro do Instituto Histórico,
Geográfico e Antropológico do Ceará.
Fonte: O Povo, de 1/12/2017.
Opinião. p.11.
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