quarta-feira, 3 de março de 2021

NO REINO DA TOLERÂNCIA II

Por Vladimir Spinelli Chagas (*)

“E aprendi, em cada um deles, a importar-me um pouco mais com o outro. Ainda é pouco. Preciso de mais", escrevia no meu último artigo no O POVO, referindo-me aos pensamentos negativos provocados por experiências que consideramos não exitosas, contudo, realmente, foram fontes de novas experiência e aprendizado.

Quando recebi o convite para escrever mais um artigo, fiz uma reflexão sobre os demais, recordando que falei sobre a Uece, a Acad, o CRA-CE, as empresas juniores, a grande Elzenir Colares, e especialmente sobre um tema que me é muito caro: a tolerância.

O primeiro momento foi no artigo de abertura, publicado em 3 de fevereiro de 2020, abordando a intolerância vivida no Brasil, quando os embates passaram a atropelar os debates, em um triste clima de pura beligerância. Destaco esse trecho: "O Reino da Tolerância, leitor, virá quando eu e você pararmos para refletir sobre o que estamos fazendo para que esse estado de coisas mude... ou se agrave".

No artigo de 6 de abril, sobre a Covid-19 e a batalha Economia versus Saúde, alimentada por muitos, lembrei que "uma convivência saudável e centrada no real inimigo, deixando de lado as brigas ideológicas ou partidárias" traria melhores condições de solução. A palavra-chave era, novamente, a tolerância.

No artigo seguinte, de 4 de maio, comentei sobre dois termos que, mais uma vez, dividiam opiniões, no caso o isolamento versus o distanciamento social, e considerei que o distanciamento, se bem empregado por nós, poderia proporcionar uma revisão de conceitos de certo e errado e nossa reação no futuro poderia ser diferente, de mais tolerância, quem sabe.

Óbvio que eu não tinha a petulância de mudar o mundo. E ele não mudou. Lamentavelmente, muitos continuamos a nos ater às discussões estéreis entre nosso ponto de vista e o que diz o outro, sempre buscando desconstruir o pensamento alheio em tudo aquilo que não se coadune com o nosso próprio pensar ou aquilo que a nós parece mais apropriado explorar.

Tolerância, mesmo que utópica, continua sendo uma ideia que defendo com veemência. E uma reflexão que proponho mais uma vez.

 

(*) Professor da Uece, membro da Academia Cearense de Administração (Acad) e conselheiro do CRA-CE.

Fonte: Publicado In: O Povo, Opinião, de 1/2/21. p.18.

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