segunda-feira, 3 de abril de 2023

COVID-19 E A VACINA BIVALENTE EM NOVO TEMPO

Por Lígía Kerr (*)

As primeiras doses da vacina contra a Covid-19 administradas em populações não experimentais tiveram início nos primeiros dias de dezembro de 2020, em países de alta renda como EUA e Reino Unido.

Apesar da aplicação das vacinas ter sido heterogênea, produziu um impacto enorme na redução dos óbitos e das internações no mundo. Um estudo estimou que a vacinação evitou 14,4 milhões de mortes por Covid-19, ou seja, reduziu as mortes mundiais em 79% no primeiro ano da vacinação.

O Brasil só iniciou a vacinação nos 10 últimos dias de janeiro de 2021. A maior parte do processo, comandado por um governo negacionista, foi caótico. O próprio governo promoveu mentiras que resultaram em menores coberturas vacinais. Mesmo assim, alcançamos altos níveis de vacinação com duas doses, mas menores coberturas com o reforço.

Estudo brasileiro em adultos acima de 60 anos estimou que aproximadamente 168.000 internações não ocorreram e cerca de 59.000 vidas foram salvas por causa das vacinas, até 28 de agosto de 2021. Mostrou, ainda, que uma aceleração no processo salvaria mais 48.000 vidas e evitaria mais 104.000 hospitalizações.

As vacinas utilizadas até o momento no país foram feitas a partir da cepa original do coronavírus, com menor proteção contra as variantes da Ômicron. A vacina bivalente adiciona a proteção contra as subvariantes BA.1, BA.4 e BA.5 da Ômicron.

A proteção desta vacina para as mais recentes variantes, embora não chegue aos valores desejados, aumentou em cerca de 2 a 3 vezes a proteção contra óbitos e internações. Os CDC dos EUA relataram que as doses de reforço com a bivalente reduzem o risco de adoecimento pela Covid-19 em cerca de metade, mesmo para infecções causadas pelas mais novas subvariantes.

A partir de 27 de fevereiro, o Ministério da Saúde iniciará a vacinação de reforço com a bivalente no público prioritário. Sabemos que o sucesso de uma vacinação depende de decisão política. E diferente do governo anterior, Lula indicou profissionais da mais alta qualificação e experiência para liderar a vacinação.

(*) Médica epidemiologista e professora da UFC. Vice-presidente da Abrasco.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 8/02/2023. Opinião. p.20.

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