domingo, 10 de abril de 2011

DOM ANTONIO LUSTOSA: um discípulo do mestre


Dom Antônio de Almeida Lustosa nasceu em 11/02/1886, na cidade de São João d’El-Rei, em cuja matriz paroquial foi sagrado bispo da diocese mineira de Uberaba. Ingressou na Congregação Salesiana, tornando-se religioso em 28/01/1906. Ordenado sacerdote no dia 28/01/1911 e como padre salesiano, ensinou filosofia e teologia e foi Mestre de noviços, Diretor e Vigário. Após ocupar vários cargos na sua Congregação, foi nomeado Bispo, sendo ordenado para a Sagrada ordem do Episcopado no dia 11/02/1925. Antes de ocupar o sólio episcopal de Belém, Dom Antônio esteve como bispo de Uberaba, em Minas Gerais, durante quatro anos; e de Corumbá, no Mato Grosso, de 1928 a 1931.
À Arquidiocese de Fortaleza, dedicou ele, como arcebispo, vinte e dois jubilosos anos de sua vida de pastor amigo e bispo santo, no meio de um povo extremamente sofrido (05/11/1941 a 11/05/1963). Aqui o Sr. Arcebispo deu nova vida e novo rumo às instituições que encontrou estabelecidas, criando novas e reorganizando as existentes. Entre outras, basta citar a obra catequética, o movimento animador da Ação Católica, o ensino primário, representado por dez escolas, mantidas com os parcos recursos da Mitra; o Instituto São José, obra de elevado alcance social e religioso, confiado à Congregação do Coração Imaculado de Maria, inaugurado em novembro de 1943. Convocou o 2º Sínodo Diocesano em 1947. Fundou o Instituto dos Cooperadores do Clero em 10/02/1957. Fundou a Congregação das Josefinas, hoje espalhadas por vários Estados, trazendo real benefício à pastoral da Igreja.
A Escola de Enfermagem S. Vicente de Paulo, a pioneira do Ceará e uma das mais antigas do Brasil, nasceu abençoada, fruto da iniciativa da Arquidiocese da Fortaleza, por decisão e empenho de sua eminência, Dom Lustosa, homem determinado e empreendedor, e bastante afeito ao trabalho; Dom Antônio Lustosa, segundo o historiador Dr. Vinícius Barros Leal, era um discípulo do mestre – manso e humilde, um salesiano de origem, que imprimiu uma robusta obra social em prol das camadas sociais mais desfavorecidas, sem se descuidar dos aspectos espirituais do seu rebanho.
Não menor foi a participação de Dom Lustosa na fundação, em 1949, da Associação de Educação Familiar e Social de Fortaleza, a mantenedora do Instituto Social de Fortaleza, cuja ação concreta principal resultou na criação do curso superior de Serviço Social, que viria integrar a UECE. Também ele se fez presente nas ações que culminaram na criação da Faculdade de Medicina do Ceará em 1948, um desdobramento do I Congresso Brasileiro de Médicos Católicos, realizado em Fortaleza, em julho de 1946, sob o seu forte incentivo.
Dom Antônio, alma de apóstolo, afeito às asperezas da vida monástica, não conheceu óbices da prática do bem. Era inteiramente identificado, com o Ceará, tendo aqui vivido, intensamente, a sorte do povo cearense, chegando a pedir esmola em favor do povo torturado pelo flagelo da seca.
Dom Antônio foi escritor de frase fina e leve observação aguda, de um interesse apaixonado pela criatura humana, de um toque seguro de erudição. Escreveu várias obras, desde literatura infantil a cartas pastorais e livros de profunda teologia e publicou também inúmeros artigos nos jornais. Com efeito, como jornalista, publicou diariamente artigos religiosos no jornal “O Nordeste”, do qual foi diretor por vários anos, e criou “A Fortaleza”, órgão da Federação dos Trabalhadores Cristãos do Ceará. Na famosa “Crestomatia”, de Radagásio Taborda, há nove textos da autoria de Dom Lustosa.
No intuito de ajudar os seminaristas e socorrer os pobres, escreveu numerosos livros, cabendo citar: “Dom Macedo Costa (Bispo do Pará)”, “Carta Pastoral: em prol da saúde corporal e espiritual dos nossos diocesanos do interior”, “Respingando”, “No Estuário Amazônico: à margem da visita pastoral” e “Abraçando a Cruz”.
Homem verdadeiramente de Deus, sempre preocupado com o bem-estar das pessoas, ele foi o pai e o amigo dos pobres, testemunhando sua caridade com gestos bastante concretos. Em Carpina, na Paraíba, passou seus últimos anos de vida, dedicando-se inicialmente, à pregação de retiros. Em 14/08/1974 entregou sua alma ao Pai, recebendo o prêmio reservado ao servo bom e fiel. Está sepultado na Catedral de Fortaleza.
Marcelo Gurgel Carlos da Silva
Membro da Sociedade Médica São Lucas

* Publicado In: Boletim Informativo da Sociedade Médica São Lucas, 7(44): 7, janeiro de 2011.

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