sexta-feira, 8 de junho de 2012

Heitor Férrer, um candidato solitário

Por Ricardo Alcântara (*)
Há coisas que só acontecem ao PDT. Agora mesmo, o partido realiza a façanha de conciliar sua presença no condomínio governista – tem filiado seu no secretariado – com a postulação de Heitor Férrer, principal opositor do mesmo governo, como candidato da sigla à prefeitura da capital.
A candidatura é refém de suas próprias contradições: se o discurso do candidato o aproxima dos adversários do governador, dando a ele a primazia desses apoios, os compromissos partidários o impedem de avançar com aqueles em busca de uma aliança eleitoral compatível com tal discurso.
Sua candidatura avança a passos largos para o abismo da solidão: não pode contar com o apoio de quem também está contra e jamais contará com o apoio daqueles que estão a favor. Como na canção antiga, vive o dilema do refrão: “quem eu quero não me quer, quem me quer mandei embora”.
Por isso é que, embora ostente índices surpreendentes de intenções de voto nas pesquisas de opinião e precise tanto ampliar o tempo de exposição de sua futura campanha na televisão, o candidato não move gestos largos na direção de consolidar logo suas alianças. Falta ali algo elementar: rumo.
Heitor Férrer é candidato – seu nome é conhecido e experimenta momento de notável popularidade – mas não tem candidatura. Não tem porque além de não ter lado, um campo político definido, até hoje não esboçou um discurso específico para a campanha que pretende disputar, a prefeitura da capital.
A perplexidade por ali é tanta que até na imprensa se colhe depoimento de gente se sentindo mal tratada. Formadores de opinião e aliados potenciais apresentam queixas frequentes sobre a dificuldade do candidato em acionar a tecla que retorna ligações registradas na tela do seu smartfone.
Há quem duvide de que todos os membros da direção partidária desejem de fato o sucesso da candidatura. Há quem suponha que o isolamento do candidato é arquitetura pensada. Prefiro acreditar que tudo resulta da diversidade, às vezes dispersiva, que sempre marcou a vida daquele partido.
Sejam quais forem os motivos da imobilidade, ela não prenuncia tempo bom a um candidato sem tempo suficiente de propaganda eleitoral na televisão para massificar sua mensagem e isso em meio a outros candidatos com elevado recall. O casulo de Heitor pode ser a sepultura da sua candidatura.
(*) Jornalista e escritor. Publicado In: Pauta Livre.

2 comentários:

Paulo Gurgel disse...

O blog ultrapassou a marca dos 50 mil acessos.
Parabéns!

Davi Cacau disse...

Pelo visto ele já não está mais só nessa! E pressupõe o apoio de nosso chefe tbm!

 

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