terça-feira, 17 de setembro de 2013

INFELICIDADE BATISMAL ROSÁCEA



Em 24/04/2006, a prefeita de Fortaleza inaugurou a primeira fase de um conjunto residencial que recebeu o nome de Rosa Luxemburgo, em homenagem à filósofa marxista, nascida em família judia polonesa, mas naturalizada alemã.
Trata-se a homenageada de uma intelectual e ativista, que pugnou por causas revolucionárias, carregando a bandeira do socialismo, cuja ação política foi exercida na Polônia, no final do século XIX, e na Alemanha, nas duas primeiras décadas do século passado, após obter a cidadania germânica, por meio de um casamento de conveniência.
Nesses dois países, há monumentos erguidos, em sua homenagem, por grupos de esquerda, como um claro reconhecimento dessa mártir do socialismo. Contudo, no Brasil, o conhecimento do papel e, sobretudo, da obra de Rosa Luxemburgo é restrito a circuitos acadêmicos, concentrados em departamentos ligados aos cursos de filosofia ou ciências sociais, de universidades, e entre intelectuais de formação marxista, perfilados entre os partidos políticos, ditos socialistas ou comunistas.
No Ceará, em 2006, poucas pessoas sabiam quem tinha sido Rosa Luxemburgo e a maior parte da população ignorava as razões para denominar, em sua honra, um conjunto de moradia popular localizado no bairro Alto Alegre, na antiga Paupina. Hoje, passados sete anos, mesmo com a divulgação esparsa do nome na mídia, persiste o desconhecimento, sendo mais provável as pessoas intuírem que a denominação teria algo a ver com um tipo de flor ou, quiçá, algum familiar de treinador de futebol.
Os rarefeitos admiradores da notória ativista libertária poderiam ter melhor dignificado esse ícone, divulgando sua produção literária, extramuros da academia, ou erigindo-lhe um busto ou uma estátua, tal como os acadêmicos da UFC, que se mobilizaram e levantaram os recursos a fim de edificarem um monumento a Farias Brito, plantado na Praça da Liberdade, defronte a Igreja de Nossa Senhora das Dores, no Otávio Bonfim. Isto feito sem subvenção ou dinheiro públicos.
Em outubro de 2011, o vereador Plácido Filho (PDT) acusou a Prefeitura de Fortaleza de atropelar o legislativo municipal, ao nomear personalidades estrangeiras a praças e equipamentos públicos, por vezes sem qualquer identificação com o País, o Ceará ou com Fortaleza, a exemplo de Rosa Luxemburgo e Che Guevara.
Espera-se, pois, que o atual prefeito de Fortaleza não incorra nesse mesmo erro da gestão anterior.
Marcelo Gurgel Carlos da Silva
Médico e economista em Fortaleza

* Publicado. In: O Povo. Fortaleza, 17 de setembro de 2013. Caderno A (Opinião). p.5.

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