No último dia 15 de agosto a Igreja Católica celebrou a
solenidade da Assunção de Nossa Senhora. A Assunção de Maria é dogma católico
solenemente definido através da Constituição “Munificentissimus Deus” do 1º. de
novembro de 1950 pelo Papa Pio Xll. O texto da proclamação dogmática não afirma
que Maria foi elevada ao céu, mas à “Glória celeste”. Não se afirma, portanto,
um deslocamento espacial nem uma nova localização, mas a transfiguração do seu
corpo e a passagem de sua condição terrestre à condição gloriosa da totalidade
de sua pessoa, isto é, corpo e alma. (cf. C. A. Contieri SJ, in A Bíblia Dia a
Dia, Paulinas, 2014).
A crença universal neste mistério havia sido confirmada
anteriormente por todo o episcopado católico consultado em 1946. Liturgicamente
é celebrada na Igreja Católica no domingo subsequente ao dia 15 de agosto. A
crença na Assunção é tradicional na Igreja, mas foi, sobretudo no século XVII
que se tornou objeto de uma verdadeira construção teológica em reação contra o
Jansenismo. Maria é dita pelo anjo Gabriel “cheio de graça”. Este é quase o
nome próprio da Virgem – o anjo não a chama “Maria” mas “cheia de graça”. (Lc.
1,28). Isto quer dizer que Maria nunca esteve sujeita ao império do pecado. Em
consequência, não podia ficar sob o domínio da morte, que entrou no mundo
através do pecado (Rm 5, 12). Sendo assim, é lógico dizer que ela não conheceu
a deterioração da sepultura, sendo glorificado não somente em sua alma, mas também
em seu corpo.
Será que este mistério exclui talvez a morte natural de
Maria? Não há registros históricos do momento da morte de Maria. Diz uma
tradição cristã antiga que ela teria morrido no ano 42 d.C. Desde os primeiros
séculos, usa-se a expressão “dormição”, do latim “domitare” em vez de “morte”.
Antigamente alguns teólogos e santos da Igreja Católica, sustentam que Maria
não teria morrido, mas teria “dormitado” e assim levado ao céu. Hoje, teólogos
sustentam que Maria não teve este privilégio uma vez que o próprio Jesus passou
pela morte. O que a Igreja Católica ensina é que o corpo de Maria foi
preservado das consequências da morte, que são a corrupção e a decomposição.
O Concílio Vaticano ll retomou totalmente a doutrina
definida, quando afirma que “a Imaculada Virgem, preservada imune de toda a
mancha original, terminada o curso da sua vida terrestre, foi elevada em corpo
e alma à glória celeste. E, para que mais plenamente estivesse conforme a seu
Filho... foi exaltada pelo Senhor com a Rainha do universo” (Lumen Gentium,
n.59). Sempre foi crença pacífica dos católicos que o corpo da Virgem,
concebido imaculado, sem a nódoa do pecado original, corpo que não conheceu
sombra do pecado, corpo que foi o berço onde tomou carne o próprio Verbo de Deus
ao fazer-se homem, não podia estar sujeito à corrupção, mas devia ser
glorificado junto com a alma na glória celeste. Maria, elevada ao céu em corpo
e alma, recorda-nos, de maneira viva, o nosso último destino.
A Assunção de Maria está diretamente ligada a sua união
com Jesus Cristo; portanto, a fundamentação vem da maternidade virginal e a
isenção do pecado original. Assim, esta união íntima de Maria com o corpo de
Jesus Cristo é um argumento forte para crer que o seu corpo teve o mesmo
destino do corpo de Jesus, isto é, não foi tocado pela destruição da morte.
(*) Brendan Coleman Mc Donald é padre redentorista e assessor da CNBB Reg. NE1Fonte: O Povo, Espiritualidade, de 24/08/2014. p.16.
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