sexta-feira, 1 de agosto de 2014

ANÃO DIPLOMÁTICO


Affonso Taboza (*)
Na verdade a presidente provocou o país amigo gratuitamente. Não tinha que se meter naquela guerra sem fim

Foi assim que porta-voz do governo de Israel qualificou o Brasil: anão diplomático. Teria acertado em cheio se assim tivesse adjetivado, não o nosso país, mas o atual governo. E disse mais: “O Brasil é politicamente irrelevante”. Que pancada...! O desaforo foi resposta à decisão imprudente da presidente da República de chamar para consultas nosso embaixador em Tel Aviv. Tal ato é encarado como reprimenda. Na verdade a presidente provocou o país amigo gratuitamente. Não tinha que se meter naquela guerra sem fim. Até porque o nosso é um país de imigrantes e grande contingente de patrícios tem origem árabe e israelense. E aqui vivem em harmonia. Para culminar o vexame, chamou de “desproporcional” a força empregada por Israel. Ora, bolas...! Na guerra se entra para ganhar, não para empatar. Como disse o porta-voz israelense: guerra não é futebol onde derrota, empate ou vitória, pouca consequência traz. E alfinetou: “Desproporcional é perder de 7x1”! Nocaute... Grosseira e antidiplomática a resposta de Israel? Ora, foi merecida pois nossa grosseria foi maior.
Perdeu a presidente oportunidade de ficar quieta. Não dá conta das nossas carências e quer ditar regra no terreiro alheio. Aliás, nessa área, pior que o atual governo foi o anterior, do mesmo partido. Mancada após mancada: interveio em eleições de Honduras, tomando partido de candidato derrotado, só porque com ele se alinhava ideologicamente; recebeu com festa em nosso chão o presidente de país antidemocrático, o Irã, merecendo censura da comunidade internacional; junto com o Primeiro Ministro da Turquia tentou intermediar o chamado Acordo Nuclear do Irã, peça que a ONU e os países que realmente contam ignoraram olimpicamente; apoiou o ditador norte-coreano Kim Jong-il, chegando a planejar envio de alimentos para aquele país, que tinha como prioridade a fabricação e teste de mísseis no Pacífico; passou dois ou três dias no Oriente Médio tentando “intermediar” acordo entre árabes e israelenses, coisa que nunca grandes potências, em décadas, conseguiram: ridículo; submetia-se aos caprichos dos vizinhos bolivarianos. Ele e a atual presidente morrem de amores pelo sanguinário Fidel Castro, e sempre que podem vão a Cuba lhe beijar a mão. Diplomacia nanica!!!

O governo brasileiro tem o direito de se revoltar com a carnificina do Oriente Médio, mas daí até se intrometer, vai boa distância. Lembro aos esquecidos que vivemos também na “Faixa de Gaza”. E a nossa é mais violenta. Enquanto na de lá morreram cerca de mil palestinos em 20 dias de combates, na nossa, segundo o Human Rights Watch, morrem assassinados, cerca de 50 mil/ano média aproximada de 2.700 nos mesmos 20 dias. E isso sob as vistas complacentes do governo, cioso dos direitos humanos dos criminosos. Desproporcional, senhora presidente, é a luta que trava a sociedade brasileira contra a bandidagem que infesta nosso país. Com isso a senhora deve se preocupar. Do Oriente Médio tem quem cuide.
(*) Membro do Instituto do Ceará
Fonte: O Povo, Opinião, de 31/07/14. p. 11.

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