quinta-feira, 16 de abril de 2015

A SAÚDE PÚBLICA DO BRASIL

Antero Coelho Neto (*)
Para uma boa qualidade de Vida, é necessário desenvolver dois princípios fundamentais: educação e saúde. Por feliz coincidência, durante toda minha vida, tenho dirigido aprendizado e trabalho nessas áreas. Como explicação de minha atuação, tenho de agradecer aos amigos, que sempre e intensamente, me ajudaram e estimularam para isso. Na saúde, principalmente, para os aspectos difíceis da saúde pública. Fui convidado para ser superintendente do Inamps do Ceará para sua atualização adequada; para a Faculdade de Medicina da Universidade de Brasília, na formação de seu curso de medicina, planejado em blocos de sistemas e atuação no desenvolvimento do Hospital de Sobradinho; no planejamento e funcionamento (reitor) da Universidade de Fortaleza por oito anos, e de várias faculdades e organizações de saúde no Brasil; para a Organização Mundial da Saúde, como representante (diretor) na Colômbia e na Venezuela, durante 10 anos.
Aprendi e passei a ser defensor dos dois elementos fundamentais para a saúde pública do país: administração planejada, eficiente e continuada com adequação dos níveis de saúde para a população, o que não encontramos na saúde pública da grande maioria dos municípios brasileiros. Destaco que o SUS constitui um dos mais adequados, teoricamente, quando comparado com o de vários outros países. Classifica os hospitais e serviços da rede pública, quanto aos níveis de atenção em saúde primária, secundária e terciária que, associados aos de nível quaternário, de universidades e de instituições especiais, ofereceria o que necessita a saúde pública do Brasil. Infelizmente assim não acontece com a falta de recursos humanos, financeiros e técnicos, e os problemas decorrentes são, cada vez, mais graves.
Também lembro que a falta de continuidade dos projetos e programas de saúde da população brasileira, com a constante mudança política e a indefinição dos responsáveis pelos mesmos, é um fato comprovado e lamentável, desde há muitos anos. Recordo de um conhecido e importante dirigente, quando me convidou e disse que no meu projeto deveria “esquecer tudo aquilo que tinha sido feito antes”. Claro que tive de realizar o projeto sem dizê-lo que várias das indicações anteriores eram úteis e estavam sendo repetidas. Sabia que ele não teria tempo de ler a minha proposta que foi aceita e utilizada, mas também não usada pelo político seguinte.
E, muito mais ainda, entristece-me a não formação com humanização da medicina, de nossos graduados pelas faculdades e universidades brasileiras. Alegra-me, neste momento tão importante da vida brasileira, saber que o governador de nosso Estado, convidou um profissional de alta competência, como o doutor Carlile Lavor, para secretário de Saúde. Trabalhamos e aprendemos juntos e, tenho certeza, ele sabe o que deve ser feito. Que lhe sejam dados os elementos necessários para a implantação de uma indicada saúde pública. Sem dinheiro e sem profissionais capacitados e adequados para a saúde pública brasileira, jamais vamos alcançar uma boa qualidade de vida.
E até quando isso vai acontecer no nosso Brasil?
(*) Médico, professor e ex-presidente da Academia Cearense de Medicina.
Fonte: O Povo, Opinião, de 25/3/2015. p.8.

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