Por
João Rameres Regis (*)
"Quantas
histórias podem ser contadas pelos mais de 20 mil profissionais formadas em
suas unidades interioranas?"
A universidade é uma das maiores e mais importantes
criações da humanidade. As primeiras remontam ao início do segundo milênio da
era cristã. O desejo inerente à condição humana de sobrepujar os limites que a
prendia ao domínio da natureza e de usá-la em seu proveito, aliada à ideia de
que o homem, pela razão, seria capaz de construir sua liberdade, fez da
universidade o locus da produção de saber e técnica.
A história das universidades brasileiras segue outro
percurso; elas são muito mais jovens que as demais, inclusive
hispano-americanas. A USP, nossa mais velha, remonta a 1934. No Brasil, elas
foram criadas para formar a inteligência nacional, ligada à elite
socioeconômica e às necessidades burocráticas do Estado Nação.
Se visto em contexto milenar ou secular, os 40 anos da
Uece podem parecer mínimos, mas, se adotado o ponto de vista da função social
que ela exerce para o povo cearense, a Uece se agiganta e alcança os pódios do
sucesso, mesmo tendo que sobreviver enfrentando as dificuldades que lhes foram
impostas em sua trajetória.
A magnitude e a complexidade da Uece se expressam,
sobretudo, por sua história de pioneirismo. Foi a Uece a primeira IES do Ceará
a iniciar o processo de interiorização do ensino superior. Esta ação tem valor
incalculável e inenarrável, pois não há número que possa mensurar nem letra
capaz de expressar o valor de uma oportunidade aberta a um jovem de família
urbana ou rural residente nas nove áreas de atuação da Uece.
Quantas trajetórias individuais e coletivas foram
construídas pela presença da Uece numa região? Quantas histórias podem ser
contadas pelos mais de 20 mil profissionais formadas em suas unidades
interioranas? Eis aí o valor e o diferencial da Uece, sua capacidade de
subverter a ordem das coisas e de abrir portas fadadas a permanecerem cerradas.
Na sua fundação, em 1975, entre as seis escolas que a
constituíram, estava a Faculdade de Filosofia Dom Aureliano Matos (Fafidam), em
Limoeiro do Norte. Posteriormente, vieram os campi de Quixadá, Iguatu,
Itapipoca, Crateús, Tauá e os últimos, especiais, os campi de Pacoti, do Centro
de Ciências da Saúde, e de Guaiúba, da Faculdade de Veterinária.
No interior a Uece está presente com Licenciaturas, para
a formação de professores que atuarão nas redes públicas e particulares da
educação básica. Assim, nesses 40 anos, a Uece contribui para a elevação do
nível educacional, técnico, político e cultural do povo cearense, habilitando
profissionais capazes de desenhar um novo futuro para si e para as gerações
vindouras. Também tornando plena minha história pessoal, pois nela fiz minha
graduação e hoje sou professor e diretor da unidade onde me graduei.
(*) Historiador, doutor em História Social, professor e
diretor da Fafidam/Uece (Limoeiro do Norte).
Publicado In: O
Povo, Opinião, de 15/8/15. p.7.
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