Por Marina Oliveira e Thaís Macena
Não se engane, comissárias de voo fazem mais do que arrumar a sua mala no bagageiro (Getty Images) |
Ser comissário de voo é tudo de bom, afinal, eles podem
viajar para onde quiserem. E de graça! Você já deve ter ouvido alguém dizer
isso – ou pode até mesmo ter falado algo parecido. Por conta dessa imagem que
se criou em torno da profissão, muitos jovens decidem investir na carreira. Mas
só quem trabalha a bordo de um avião sabe que, a exemplo de qualquer outro
trabalho, este também é cheio de desafios.
Para começar, os comissários têm que lidar com uma
infinidade de pessoas todos os dias, dos mais diferentes perfis. Diante disso,
não é de se estranhar que eles tenham muitas histórias para contar. O UOL
Viagem conversou com profissionais do ramo e publica aqui algumas
dessas aventuras. Os nomes dos entrevistados foram trocados para preservar a
identidade deles.
1 Aqui não é o banheiro?
"Estávamos voando em direção ao Recife
quando um passageiro, já mais idoso, entrou de repente no galley do
avião - local onde armazenamos as comidas e bebidas e onde também ficamos
assentos dos comissários, que são retráteis. Ele repentinamente fechou a
cortina que temos ali para nos dar certa privacidade, abaixou o assento e
começou a urinar. Quando questionado sobre a atitude, ele disse que não havia
encontrado o banheiro. Resultado: o assento teve de ser interditado e uma das
comissárias precisou procurar outro lugar para sentar-se na hora do
pouso."
Thaís*, 21 anos, de Santo André. É comissária de voo há
um ano.
2 Santa ingenuidade!
"Estávamos em pleno verão brasileiro quando uma
senhora, que tinha cerca de 80 anos, embarcou como prioridade no avião e eu a
acomodei na primeira fileira. Era o primeiro voo dela , por isso, estava muito
apreensiva. Como as portas do avião ficaram muito tempo abertas até embarcarmos
todos os passageiros, quando fechamos e o ar condicionado foi acionado, o
resfriamento demorou um pouco para acontecer. Foi então que o voo decolou, a
senhora me chamou, preocupada, e perguntou se eu poderia ajudá-la. Eu
rapidamente disse que sim. Foi então que ela me pediu: 'Será que você pode
abrir a janela para entrar um pouco de ar? Eu não estou conseguindo'.
Infelizmente não pude ajudá-la, mas nunca mais esqueci essa história."
Monalisa*, 35 anos, mora no Rio de Janeiro. É comissária
de voo há 15 anos.
3 O amor estava no ar
"Era um voo com destino a Londrina e, entre os
passageiros, havia uma dupla sertaneja famosa, além da banda e da equipe técnica.
Um dos integrantes da dupla me chamava a todo momento para pedir algo. No
final, pediu o meu telefone. Ele dizia que tinha encontrado a mulher da vida
dele. Eu não dei confiança, claro, mas fiz questão de tratá-lo bem. No momento
do desembarque, ele entregou um papel com o telefone dele. Acabei tendo folga
no dia seguinte, na cidade onde haveria show da dupla. Então, liguei para ele e
fui com uma amiga ao show. Acabamos assistindo à apresentação do camarote e, no
final, nós dois ficamos juntos. Chegamos a namorar por um tempo. Hoje, mantemos
a amizade e, toda vez que estou em Londrina, ligo para eles."
Denise*, 27 anos, de Minas Gerais. É comissária de voo há
dois anos.
4 Ops, foi mal!
"Eu estava realizando o serviço de bordo e perguntei
a uma senhora com fone de ouvido se aceitaria uma bebida. Ela balançou a
cabeça. Então, questionei: 'qual bebida, senhora?'. Ela voltou a balançar a
cabeça e eu deduzi que ela não estava prestando atenção no que eu dizia.
Naquele momento, comecei a ficar impaciente, porque era um voo de 45 minutos em
que 118 passageiros precisavam ser atendidos. Então, eu a pedi para retirar o
fone. Para a minha surpresa, ela começou a falar na linguagem de sinais, me
explicando que era deficiente auditiva. Completamente desconcertada, eu sorri.
E ela sorriu de volta. Ela usava fone porque provavelmente conseguia distinguir
algum som, mas não o que eu estava dizendo."
Amanda*, 24 anos, mora em São
José do Rio Preto. É comissária de voo há quatro anos.
Fonte: Do UOL, em São Paulo, 23/02/2015. Fotos: Getty
Images.
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