Há 40 anos quase, vimos enfatizando em aulas e publicações
a importância do diagnóstico tempestivo (oportuno) do câncer do reto, e dos
cólons (intestino grosso): Rev. Fac. Med. Univ. Fed. Ceará, 10(2) 1970; Revista
CBC: 18, 1971; Rev. Med., HGF (INPS): 1,1975. Seguiram-se “Câncer nos cólons e
no Reto: mesmos e outros aspectos”. Fortaleza, edições UFC, 1984, Coleção
Ciência, 2. Colaboração: Lúcia Alcântara Albuquerque; Gothardo Peixoto, Marcelo
Gurgel Silva. (Prêmio Estado do Ceará: Estudos Científicos, 1985). “Prevenção
do câncer nos cólons” (este In “Ceará Médico”, 6:4,1992). Posteriormente, neste
jornal, os artigos “Nem tudo que reluz é ouro” (14/11/1991), “Estigma
hereditário” (30/7/2007), “Pelas barbas do Profeta” (04/08/2009, “Será Câncer?”
(11/112015), e, novamente “Nem tudo que reluz é ouro” (24/08/2016), 25 anos
após aquele homônimo. Em todas essas comunicações sobressaem dois aspectos: a
redução do risco de contraí-lo, e sua detecção (diagnóstico) precoce. Tal
vigilância sanitária e suas abordagens motivaram a criação da Abrapreci, pela
professora Angelita Gama, em São Paulo (05/2004). A dieta é o principal fator
predisponente, aconselhando-se a abolição do açúcar refinado, e das gorduras
saturadas, como a adoção da dieta mediterrânea, pobre em carne vermelha, e à
base de fibras, peixe, e frutas. Ainda visando reduzir sua incidência, importam
os exercícios físicos, plus a quimioprevenção. Esta é fornecida pelas
vitaminas, pelos sais minerais, e outros nutrientes antioxidantes. Ainda em
sentido profilático – e até terapêutico -vacinas vêm surgindo, mirando células
que se “escondem” do sistema imunológico. Na descoberta precoce, avulta o toque
retal, nos sangramentos intestinais. Este pode constatá-lo em + 80% das lesões
até 10cm da margem anal. Impõe-se considerar a hereditariedade (15% - 20%), os
pólipos, e as colites crônicas (máxime a Retocolite Ulcerativa, e a Doença de
Crohn) com diarreia superior a 15 dias, sobretudo com muco e sangue. Seu
diagnóstico implica pesquisar sangue oculto nas fezes, entre os cinquentões, e
dos 30-40 anos, por casos semelhantes na família. Seguir-se-á a colonoscopia
nos casos positivos, e as eventuais polipectomias (retirada de pólipos) por
essa via. Vale interpretar devidamente, e desconfiar da anemia “de causa
desconhecida”: pode vir de um câncer intestinal (ceco)! Posteriormente
mencionaremos exames de sangue, atuais e testes genômicos (DR-70, GSTM1, e TP
53). No Brasil – talvez mercê da maior longevidade e doutros fatores - o
Instituto Nacional do Câncer revelou 34.200 casos novos em 2016, mais entre
homens (>50%), após 60 anos de idade. Naqueles dois artigos intitulados “Nem
tudo que reluz é ouro” (1991/2016) alertamos para a confusão entre hemorroidas,
pois sangrentas, com o câncer do reto, o qual chamativamente sangra também. Aos
nossos alunos sempre reiterei “ter câncer de reto quem por aí sangra”, até
provado que não. Câncer “camarada”, e de descomplicado diagnóstico, proporciona
50% - 70% de sobrevida de 5 anos após a operação, e até 90% quando operado no
seu início. Ocorreu-me há pouco estruturar no Ceará sua prevenção constante, e
- a exemplo de eventos análogos - denominá-la, “julho vermelho”, pelas óbvias
razões cromáticas. Terá a chancela oficial da Academia Cearense de Medicina, e
a participação efetiva da Sociedade Cearense de Colo – Proctologia, notadamente
na Faculdade de Medicina da UFC, no HGF, e na Santa Casa da Misericórdia.
(*) Professor Emérito da UFC.
Titular das Academias Cearense de Letras, de Medicina e de Médicos Escritores.
Fonte: O Povo, 3/01/2017.
Opinião, p.10.
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