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quinta-feira, 10 de outubro de 2024

A CORRIDA MALUCA

Por Romeu Duarte Junior (*)

Senhoras e senhores, tomem seus lugares à frente da TV, do celular e do computador que a corrida começou. Sim, será mais do mesmo, só que desta vez o show está mais para hard core do que para voo de colibri. Em vez de propostas exequíveis voltadas à resolução dos problemas desta sofrida cidade, baixarias, memes, xingamentos, mentiras a granel e toda sorte de baboseiras. Claro, os histriônicos postulantes a vereador de sempre já mostram as caras, que sem eles o horário eleitoral não teria a menor graça. Por que concorrem, já que não serão eleitos? Talvez por carência, quiçá por vontade de aparecer, sabe-se lá. No quesito moda, tem do casual chic passando pelo street wear ao canelau look. Em menos de um mês, o primeiro turno das eleições municipais. Segurem-se...

As pesquisas estão completamente baratinadas, não se sabe se pelo método investigativo delas ou pela falta de credibilidade de alguns institutos. Numa, o aspirante a alcaide encontra-se avançado em relação aos seus opositores; noutra, acha-se lá na rabeira, vá entender. Aliás, quem precisa de pesquisa eleitoral para definir seu voto é gente que nunca teve educação político-ideológica ou que há muito a rebolou na lata do lixo. Não será o sujeito engomadinho com seu meloso discurso quem vai ganhar o eleitor consciente. O formato debate/programa eleitoral/santinho está completamente superado pela intensidade pantanosa das redes sociais, onde vicejam patranhas mil. As muitas promessas que jamais serão cumpridas embrulham o estômago. Política baixa.

E quanto aos candidatos a prefeito? O atual ocupante do Palácio do Bispo e concorrente à reeleição passou meses desaparecido da cidade e teve que criar um personagem metido a descolado para se comunicar com o povo de Fort City. Vai dar certo? Tenho as minhas dúvidas. O chefe dos amotinados, com seu rosto de bom moço, que não engana ninguém. Aliás, os incautos é que se enganam com ele. O deputado federal conhecedor da anatomia humana que se diz anti-sistema. Se por anti-sistema se entende alguém que não reconhece nem respeita a Constituição Federal e os poderes constituídos, tal como o seu mentor, aí é caso de falta de decoro parlamentar a ser punida. O requerente que aguarda ansiosamente pelo apoio da Loura, que talvez nunca venha. E o resto é traço...

Anoto mentalmente essas impressões enquanto assisto na Praça do Ferreira a um ato do Movimento Crítica Radical. Meus valorosos e combativos amigos do grupo há muito elegeram a política e o capitalismo como entes dignos de serem levados ao paredão. "Emancipação ou extinção!", bradam eles. Ora, o que é isso senão uma forma de se fazer política? Eliminar a política evitaria as disputas, tão caras aos seres humanos? Disse Platão que "não há nada de errado com aqueles que não gostam de política; simplesmente serão governados por aqueles que gostam". É do jogo, como dizem os sábios. A tarde cai enquanto meu pensamento voa e pousa na peleja entre o pretenso Dono do Mundo e o Togado Careca. Quem ganhará? Melhor merendar um pastel com caldo de cana.

(*) Arquiteto e professor da UFC. Sócio do Instituto do Ceará. Colunista de O Povo.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 9/09/24. Vida & Arte. p.2.

sexta-feira, 27 de setembro de 2024

O MASCATE TELEVISIVO

Por Romeu Duarte Junior (*)

Pois é, nunca gostei dele nem do programa dele. Se o domingo já é um dia chato, talvez por ser a véspera da segunda-feira, ficou ainda mais com aquela terrível maratona de dez horas seguidas de bordões e gaitadas. Mesmo assim, o primeiro dia da semana, além da praia, da missa, do gibi e da macarronada, ficou marcado nacionalmente pelo seu programa. O cabelo arrumado, o microfone pregado no peito, o sorriso largo, o terno alinhado e a metralhadora vocal compunham uma persona que teve origem no malandro vendedor de rua e que se transformou num mais que bem sucedido camelô eletrônico. Midiático que só ele, talvez tenha sido o maior comunicador da televisão brasileira de todos os tempos. Fez escola, lançou inúmeros astros e estrelas, meteu-se com a política.

Seu sucesso deveu-se a compreender a alma popular, as aspirações do povo simples, o desejo de melhorar de vida de muitos. Para ele, quem quisesse dinheiro era só abrir as portas da esperança que lá dentro encontraria o baú da felicidade. Utilizando quem sabe inconscientemente a aguda lógica weberiana, elegeu a deusa Grana como sua pedra de toque, fazendo aterrissar aviõezinhos de cédulas de R$ 100 na plateia em transe. Messiânico, tornou-se para muita gente aquele que podia salvar vidas num estalar de dedos seguido de uma boa gargalhada. E os seus jurados? Figuras esquisitas, histriônicas, debochadas, escrachadas, todas anunciadas em coro por uma czarda que passou a ser uma espécie de agouro dominical, prenúncio do organizado massacre dos calouros...

O Brasil sempre foi refém dos programas de auditório. Começaram pelo rádio, através de Ary Barroso com seu Calouros em Desfile, no qual Elza Soares desembarcou vinda do planeta Fome. Abelardo Barbosa, o Chacrinha, fez a transição do rádio para a televisão, apertando a buzina, tocando a discoteca e fazendo a Hora do Chacrinha, o primeiro programa de calouros da TV brazuca. Mister recordar a contribuição para o veículo de nomes tais como Blota Júnior, Hebe Camargo e Jota Silvestre com o seu pregão "resposta absolutamente certa!". Um dos mais destacados foi Flávio Cavalcante, cujo programa tinha um corpo de jurados do qual sobressaíam-se Márcia de Windsor pela delicadeza e José Fernandes pela grossura. Gugu Liberato foi a criatura do Homem do Baú.

E no Ceará velho de guerra? Impossível esquecer do trabalho de nomes tais como Augusto Borges, João Ramos e Irapuan Lima, este talvez o mais marcante de todos por suas presepadas no rádio, onde começou, e na televisão. Se o Chacrinha perguntava ao público se este queria bacalhau, Irapuan presenteava os calouros com o frango do Zezé (que logo após era tomado de volta, pois só havia um). Cada qual do seu jeito, na medida das suas possibilidades. Contudo, nenhum teve como meta o tilintar do faturamento da máquina registradora tal como o fez o Rei dos Domingos. Riquíssimo, deixou um império para a mulher, as seis filhas, os quatorze netos e os quatro bisnetos. Onde agora está, estará conversando com seus colegas de trabalho e pedindo ajuda aos universitários?

(*) Arquiteto e professor da UFC. Sócio do Instituto do Ceará. Colunista de O Povo.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 26/08/24. Vida & Arte. p.2.

sábado, 24 de agosto de 2024

ERIC MORAES GURGEL

Por Paulo Gurgel Carlos da Silva (*)

Filho de brasileiros do Ceará, o estadunidense Eric Moraes Gurgel, de 11 anos, faz versão para o inglês das gírias e expressões brasileiras que ele aprende em casa com os pais Felipe e Anna. Ou quando ele vem com os pais ao Brasil para curtir as suas preferências (banho de mar, água de coco e brigadeiro).

Em seu canal Aprenda Inglês com Eric, o garoto bilíngue posta vídeos sobre o tema para os seus atuais 31 mil seguidores no Instagram.

Hoje (23/08/24), às 14h30, ele é assunto de uma reportagem no programa Se Liga VM, da TV Verdes Mares.

Neto mais velho de meu irmão médico, escritor e professor Marcelo Gurgel, o professor-mirim Eric é per via consequentiae meu sobrinho-neto.

(*) Médico pneumologista, escritor e blogueiro.

Postado por Paulo Gurgel no Blog Linha do Tempo em 17/08/2024.

http://gurgel-carlos.blogspot.com/2024/08/eric-moraes-gurgel.html

Nota do Blog do Marcelo Gurgel: O programa Se Liga VM, inicialmente previsto para ir ao ar em 17/08/24, foi suspenso em virtude do falecimento do comunicador Sílvio Santos.


sábado, 5 de outubro de 2019

A ESTRANHA VERDADE: A AMANTE...


Alguns anos depois que nasci, meu pai conheceu uma estranha, recém-chegada à nossa pequena cidade.
Desde o princípio, meu pai ficou fascinado com esta encantadora personagem e, em seguida, a convidou a viver com nossa família.
A estranha aceitou e, desde então, tem estado conosco.
Enquanto eu crescia, nunca perguntei sobre seu lugar em minha família; na minha mente jovem já tinha um lugar muito especial.
Meus pais eram instrutores complementares... minha mãe me ensinou o que era bom e o que era mau e meu pai me ensinou a obedecer.
Mas a estranha era nossa narradora.
Mantinha-nos enfeitiçados por horas com aventuras, mistérios e comédias.
Ela sempre tinha respostas para qualquer coisa que quiséssemos saber de política, história ou ciência.
Conhecia tudo do passado, do presente e até podia predizer o futuro!
Levou minha família ao primeiro jogo de futebol.
Fazia-me rir, e me fazia chorar.
A estranha nunca parava de falar, mas o meu pai não se importava.
Às vezes, minha mãe se levantava cedo e calada, enquanto o resto de nós ficava escutando o que tinha que dizer, mas só ela ia à cozinha para ter paz e tranquilidade.
(Agora me pergunto se ela teria rezado alguma vez para que a estranha fosse embora).
Meu pai dirigia nosso lar com certas convicções morais, mas a estranha nunca se sentia obrigada a honrá-las.
As blasfêmias, os palavrões, por exemplo, não eram permitidos em nossa casa… nem por parte nossa, nem de nossos amigos ou de qualquer um que nos visitasse.
Entretanto, nossa visitante de longo prazo usava sem problemas sua linguagem inapropriada que às vezes queimava meus ouvidos e que fazia meu pai se retorcer e minha mãe se ruborizar.
Meu pai nunca nos deu permissão para tomar álcool.
Mas a estranha nos animou a tentá-lo e a fazê-lo regularmente.
Fez com que o cigarro parecesse fresco e inofensivo, e que os charutos e os cachimbos fossem distinguidos.
Falava livremente (talvez demasiado) sobre sexo.
Seus comentários eram às vezes evidentes, outras sugestivos, e geralmente vergonhosos.
Agora sei que meus conceitos sobre relações foram influenciados fortemente durante minha adolescência pela estranha.
Repetidas vezes a criticaram, mas ela nunca fez caso aos valores de meus pais, mesmo assim, permaneceu em nosso lar.
Passaram-se mais de cinquenta anos desde que a estranha veio para nossa família.
Desde então mudou muito; já não é tão fascinante como era no princípio.
Não obstante, se hoje você pudesse entrar na guarida de meus pais, ainda a encontraria sentada em seu canto, esperando que alguém quisesse escutar suas conversas ou dedicar seu tempo livre a fazer-lhe companhia...
Seu nome?
Ah. Seu nome…
*Chamamos de TELEVISÃO!*
É isso mesmo; a intrusa se chama *TELEVISÃO!*
Agora ela tem um marido que se chama *Computador*, um filho que se chama *Celular* e um neto de nome *Tablet.*
A estranha agora tem uma família.
A nossa será que ainda existe?
Fonte: Internet (circulando por e-mail e i-phones). Sem autoria explícita.

sexta-feira, 16 de setembro de 2016

Sucesso da Novela Velho Chico: (Oportuno Lembrar) Voto é secreto mesmo?


Meraldo Zisman (*)

Médico-Psicoterapeuta

De quando em vez surpreendo-me com coisas que já sei. Desta vez foi com a pesquisa de julho de 2010 do Tribunal Eleitoral sobre o nível da escolaridade do eleitor brasileiro. Se não vejamos: de um total de 135,8 milhões de votantes, 5,9% são analfabetos, 35% informaram saber ler e escrever, mas a maioria não concluiu o primeiro grau escolar, o que significa que não frequentaram escola e provavelmente não sabem interpretar textos.

Apesar de concordar com a ideia de que o processo democrático é algo dinâmico e em constante aperfeiçoamento, enquanto os regimes ditatoriais são estáticos e donos de uma verdade que é a do ditador, acredito no que ensina o sociólogo alemão Max Weber (1864-1920): "A Democracia é a melhor forma de governo, porém possui o seu calcanhar de Aquiles. É o seu colégio eleitoral". Continuo.

O voto de curral era a expressão empregada para designar o sistema eleitoral onde a eleição era manipulada pelos coronéis, figuras que detinham o poder social e político em diversas regiões do país. Não importando a forma de governo central, Brasil Colonial, Império ou República, quem mandava e desmandava eram esses pequenos caudilhos. O seu poder assemelhava-se ao feudo medieval, mas em lugar de fossos e muralhas havia cercas de arame farpado para guardar seus eleitores de cabresto...

Com o advento da TV e da eletrônica pensei que muita coisa iria mudar. Mudou sim, mais muito pouco. Nas grandes cidades - ou na maioria delas - quem manda são os donos da Mídia, principalmente os donos das cadeias de TV. De um povo cuja cultura vem das novelas, dos programas de baixo nível, desestruturado, analfabeto, o que se poderá esperar como resultado eleitoral?

Olhando de determinado ângulo este tal progresso tecnológico, tenho cá minhas dúvidas. Quem sabe com esses esclarecimentos, venhamos a fazer escolhas piores do que as que fazíamos antes. Não há mais barreira física contra a informação: onda de rádio, sinal de televisão ou onde despontam os sinais da Internet, aos quais, lamentavelmente, apenas uma pequena minoria tem acesso...

A informação penetra em todos os lugares e lares. Esboroaram-se os castelos dos nossos antigos coronéis. E tem mais, pelo andar da carruagem, a cerca do curral e os poderes dos coronéis estão ultrapassados, mas não deixam de existir - subliminarmente. Agora o céu é o limite. Ou dizendo de outra maneira: continuamos cercados pelos arames farpados do analfabetismo, agora intoxicados pelos marqueteiros eleitoreiros.

Sem Educação e Ensino não haverá tecnologia que seja capaz de fazer avançar a Democracia Brasileira. Ficamos no mesmo coronelismo, agora apenas camuflado. Que importa se a urna é eletrônica, quando a massa eleitoral não tem escola para aprender ou se esclarecer? Se a cabeça do votante continua desinformada e agora mais confusa?

Para concluir, vou confessar uma coisa (sem saudosismo piegas). No tempo dos coronéis era tudo mais simples e havia um folclore mais engraçado. Costumo dizer: sem humor, do que vale viver? Havia todo um folclore envolvido, cujo centro era, na maioria das vezes, o chefe político ou o dito coronel. O voto era passado das mãos do coronel para o eleitor em cédula dobrada e quando o pobre do eleitor queria ver o nome em que ia votar, o chefe, o capataz ou o cabo eleitoral ou qualquer coisa que o valha gritava: "Pra que olhar primeiro se você nem sabe ler e depois o voto é secreto. Você não sabe disso? Seu idiota! Quer ir pro xilindró? Olha o meganha aí para te prender...".

(*) Professor Titular da Pediatria da Universidade de Pernambuco. Psicoterapeuta. Membro da Sobrames/PE, da União Brasileira de Escritores (UBE) e da Academia Brasileira de Escritores Médicos (ABRAMES).

Nota do Editor do Blog: Esta postagem estava preparada para divulgação aqui nos próximos dias, ao término da novela “Velho Chico”, um grande sucesso de público veiculado pela Rede Globo nesse momento. Com ela, aproveita-se para lastimar a perda acidental do ator Montagner, colhido no auge de sua carreira artística, quando fazia um dos principais protagonistas do folhetim novelesco.

Marcelo Gurgel Carlos da Silva

domingo, 25 de outubro de 2015

Extintor de incêndio aparece em cena de "Os Dez Mandamentos"


Extintor de incêndio vazou em uma cena da trama (Foto Pin it)
Aparentemente os egípicios de "Os Dez Mandamentos" estão preparados para a praga de chuva de meteoros que deve acontecer nos próximos capítulos, isso porque um extintor de incêndio acabou aparecendo em uma cena do episódio desta quarta-feira (7/10), durante uma conversa entre Meketre (Luciano Szafir) e Tais (Babi Xavier).
A falha na trama, que se passa no segundo milênio antes de Cristo, não passou despercebida pelos telespectadores e virou piada na internet.
A série de época britânica "Downton Abbey" também viu toda sua magia desaparecer quando uma garrafinha de plástico apareceu em uma foto promocional de divulgação da história que se passa no início do século 20. Objetos modernos foram proibidos no set após o erro.
Fonte: UOL Notícias, São Paulo, de 7/10/2015.

quarta-feira, 2 de abril de 2014

O Domingão do Faustão e a Psicopatologia



Meraldo Zisman (*)
Médico-Psicoterapeuta
Discurso de psicóloga no "Domingão do Faustão" deixa mães de autistas e especialistas indignados, é o que estampa a primeira folha do meu provedor UOL no dia 20.12.12. Como professor de pediatria e hebiatra (médico de adolescentes, jovens) há quase 55 anos e atualmente praticando psicoterapia, fiquei tremendamente revoltado, triste e desesperançado com a entrevista e o programa escolhido para esclarecimentos das diversas síndromes de sofrimento mental que podem ocorrer no ser humano e sua influência no crime coletivo cometido na escola primária Sandy Hook, em Newtown, Connecticut, nos Estados Unidos.
E surgiram absurdas explicações do porquê da tragédia ocorrida na pequena cidade norte americana. Como simples ser humano, fico de luto pelo trágico acontecimento, mas as coisas podem sempre piorar. Certamente o bom jornalismo saberia como, onde e quando abrir uma discussão sobre assunto de tamanha importância. Critico a mídia, qualquer que seja ela, quando convida “especialista” que, salvo as clássicas exceções à regra, estão geralmente correndo em busca dos seus 15 minutos de glória, sem se importar com a higiene mental e social do povo que pagou seus estudos.
Quanto mais importante for uma emissora, ou coisa que o valha, deveria ter muito mais cuidado ao divulgar temas controversos, principalmente num país onde a novela passou a ser o maior difusor de conhecimento, através de uma dramaturgia distorcida, disforme (repito, salvo raras ressalvas).
Onde estão os Conselhos de Medicina, Psicologia para se manifestarem sobre esse mau jornalismo? E o pior, são esses pobres peritos profissionais (fora alguns casos isolados) que não perdem uma oportunidade de comparecer a esses programas, debates midiáticos...
Quando teremos os fatos mais bem estudados e mais bem anunciados? Os Psiquiatras falam de síndrome de Asperguer, Psicopatias, Autismo, e entram por aí em uma discussão sem fim, pois nem sabem o que é.
A Medicina é a ciência das verdades transitórias. E toca a surgirem programas e artigos no éter sobre autistas, psicopatas e assassinatos em massa. Bastaria fazer uma pergunta à nossa massa semianalfabeta para constatar qual o gênero de filme preferido e típico do americano do norte: o faroeste, com a presença do indefectível caubói.
Aí está a origem – remota, mas básica – da tragédia ocorrida na pequena cidade dos USA. Apesar de em nossa história termos também colonos europeus matando índios, assim como a escravidão negra, o - desculpem o termo difícil — psicossocial brasileiro é bem diferente daquele dos americanos do norte. As nossas armas não são vendidas em lojas de departamentos e sim contrabandeadas do Paraguai.
Para que entrar no terreno movediço da psicopatologia? Será uma tentativa de intelectualizar a miséria na qual vive a maioria de nosso povo ou um desejo incontrolável de aparecer na mídia?
O meu temor é que a cultura do narcisismo, do consumo e da violência tenha contaminado nossos psicólogos, psiquiatras, assistentes sociais, enfermeiras e outros profissionais assemelhados... É apenas uma advertência de um velho médico.
(*) Professor Titular da Pediatria da Universidade de Pernambuco. Psicoterapeuta. Membro da Sobrames/PE, da União Brasileira de Escritores (UBE) e da Academia Brasileira de Escritores Médicos (ABRAMES).

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

MÍDIA, TV, GAMES E CONTEXTO SOCIAL




Meraldo Zisman (*)
Médico-Psicoterapeuta
A legislação brasileira considera como criança a pessoa com idade entre zero e doze anos, passível apenas da aplicação de medidas protetoras quando comete infração (delinquência) ou se encontra em situação de risco, de acordo com o art. 101 da Lei n. 8069/90, que é o Estatuto da Criança e do Adolescente. Na adolescência, por sua vez, enquadram-se as pessoas entre os doze e os dezoito anos, que são sujeitas à aplicação das mesmas medidas protetoras e ainda à aplicação de medidas socioeducativas (art. 112 do mesmo Estatuto da Criança e do Adolescente).
“Não creio que Caim tenha se inspirado na televisão ou em jogos de computador, para matar seu irmão Abel... ou que Nero tenha incendiado Roma por culpa de algum game”. A questão da influência da televisão ou dos games na conduta das crianças, especialmente levando-as a condutas violentas, é controversa. A maioria dos estudos assevera que crianças do sexo masculino tendem a imitar as ações violentas que veem na TV e em outras parafernálias eletrônicas. Tendem a ser mais complacentes com a agressividade e tendem a desenvolver outras formas de violência.
Além disso, tem-se observado que os meninos agressivos normalmente escolhem programas mais violentos e que há mais meninos adictos a esses programas que meninas. Porém, nem todas as investigações confirmam tais observações. Há estudiosos que atribuem o suposto impacto da TV e dos games como um auxílio à compreensão e interpretação da criança sobre o que aparece na tela, seja da televisão ou de um game.
Os games bélicos também são frequentemente relacionados com o desenvolvimento de condutas violentas. Outros opinam que não exercem qualquer influência. Outros ainda acham que tais jogos empobrecem a imaginação e ensinam conceitos belicosos. Há quem creia que estes jogos têm até uma função catártica ou terapêutica sobre o potencial agressivo natural das pessoas.
As atitudes competitivas (agressivas ou não) que são mostradas nesses jogos guardam relação com os adversários com quem se esteja jogando ou com o tipo de jogo que se utiliza e, apesar de estimularem a luta entre meninos (mas não entre meninas!), só se constata o aumento da agressividade durante ou imediatamente após o jogo. Essa agressividade parece não se manter em outras situações e nem repercutir em longo prazo.
Ter uma perspectiva decisória vaga para a identificação de games violentos e julgá-los como inaceitáveis podem trazer consequências imprevisíveis, pois quem acusa esses games e pede seu controle governamental o faz por precaução, mas repito, até hoje, não há provas contundentes sobre os malefícios desses games, e digo: muito mais perigosa pode ser a invasão da privacidade dos que jogam, o que me cheira a censura, cerceamento à liberdade da imprensa e outras coisas graves.
E qualquer coisa que lembra, mesmo de longe, a censura é uma monstruosidade e um atentado contra o pensamento, é um crime de lesa-humanidade. Acusar é muito fácil. Principalmente diante dos avanços que romperam a velha ordem mumificada. Tristes dos engessados. Eles estão mortos e não o sabem.
(*) Professor Titular da Pediatria da Universidade de Pernambuco. Psicoterapeuta. Membro da Sobrames/PE, da União Brasileira de Escritores (UBE) e da Academia Brasileira de Escritores Médicos (ABRAMES).
 

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