Por Izabel Gurgel (*)
E o público canta Belchior, acompanhando a
Eleazar de Carvalho, com Paulo Leniuson regendo não mais a orquestra, mas o
coro da plateia: "...não preciso que me digam de que lado nasce o sol,
porque bate lá meu coração".
E o Theatro José de Alencar (TJA) fica mais
bonito ainda ou, como disse Clarice sobre as ruas do Recife em tempo de
Carnaval, a gente então descobre, percebe, vivendo-o, o destino para o qual o
TJA foi feito.
Uma manhã de domingo, quase depois da
chuva, ainda tem um sereninho, e uma amiga me pergunta como as pessoas, que
chegam desde cedo, ficam sabendo dos concertos. Estamos no Cineteatro São Luiz
para ver, no Festival Alberto Nepomuceno (FAN), a Camerata de Cordas da
Universidade Federal do Ceará (UFC) tocar temas do Studio Ghibli, cuja
amplitude de alcance de público foi dada por uma específica produção do cinema
de animação.
Colaboro com o FAN e comento com minha
amiga algo como são tantos os circuitos de uma cidade quanto as distintas
experiências de cidade sob um mesmo nome. "Moro em Fortaleza" pode
dizer coisas como a cidade tem "show para todos os gostos" e
"quase nenhum ônibus mais tarde da noite e nas madrugadas".
"Daria pra sair todo dia" e "não tem parada onde se possa
ficar".
Há algum tempo, informar-se sobre a
programação artística da cidade passa por procurá-la em perfis nas redes
sociais, dos espaços onde acontece (teatros etc.); dos realizadores (como os
festivais Eleazar de Carvalho via Universidade de Fortaleza - Unifor e o
Festival Internacional de Música Instrumental Mansueto Barbosa, o Fimi, via
Casa da Vovó Dedé); das próprias formações orquestrais, (como a sensacional
Sinfônica da Universidade Estadual do Ceará, a Uece).
Na dispersão avassaladora em que vivemos,
pouco provável ter uma sensação de calendário, digamos, de concertos e recitais
com agendas regulares como jornais impressos faziam, por exemplo, com a lista
de filmes e cinemas.
Recebi do ator e diretor Tomaz de Aquino,
professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará
(IFCE), link do recém-criado aplicativo com a programação de artes cênicas em
Fortaleza. O Mais Plateia. Conhece?
Dá pra ver teatro feito em Fortaleza toda
semana. Concerto no sentido que usamos aqui, a cidade tem alguns por mês. É
preciso procurar por eles, pelos espetáculos de teatro e pelos concertos. Quase
nada mais passa pelo feed das redes sociais (de quem usa as redes!).
(*) Jornalista de O Povo.
Fonte: Publicado In: O Povo, de 3/08/25. Vida & Arte, p.2.
Nenhum comentário:
Postar um comentário