É com intangível contentamento que cumpro a determinação superior de apresentar a dileta amiga Ana Margarida Arruda Rosemberg aos associados da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores – Regional do Ceará. Também o faço movido por tristes lembranças, pois Ana foi amiga e colega, no Ginásio Maria Goretti, de minha irmã Marta, brilhante engenheira química da Petrobras, prematura e abruptamente arrancada de nosso convívio aos 29 anos de idade.
Conheço Ana Margarida Arruda desde 1970. Nessa época, costumava passar em sua residência para conversar com a sua irmã Clêide, recém-chegada de New Hampshire, nos EUA, onde cumprira um ano de high-school em programa de intercâmbio escolar. Eu estudava no Colégio Júlia Jorge, fincado nas imediações de sua ampla casa, situada à Rua Lino da Encarnação, na Parquelândia, em Fortaleza.
Enquanto eu cursava o científico e tencionava ingressar em Medicina, o que viria acontecer em 1972, ela já era acadêmica de Medicina, admitida em 1969. Por conta dessa diferença de três anos, quase não tivemos convivência nos bancos universitários, sendo fortuitos ou casuais os nossos encontros no campus do Porangabuçu.
Após a sua formatura, na turma de 1974, e a minha, em 1977, tomamos rumos diferentes na trajetória profissional: ela, como pneumologista, e eu, como sanitarista, e, praticamente, só fomos nos reencontrar ao ensejo do “II Congresso Brasileiro sobre Tabagismo” e do “I Congresso Latino-Americano sobre Tabagismo”, realizados em Fortaleza-CE, em junho de 1996, quando participei do Simpósio “Tabagismo e câncer”, como expositor do tema “Tabagismo e outros fatores de risco em câncer”.
A nossa reaproximação deu-se, logo após, quando fui designado Assessor Técnico da Comissão Estadual de Prevenção e Controle do Tabagismo da Secretaria de Saúde Estado do Ceará, conforme Portaria 1139/96, de 29 de agosto de 1996. Dita comissão era presidida por Ana Margarida e contava com a consultoria do Prof. José Rosemberg, considerado pioneiro e um dos mais importantes baluartes da luta contra o cigarro no Brasil.
Algum tempo depois, Ana Margarida veio a adotar o sobrenome Rosemberg, ao contrair núpcias com o afamado pneumologista, passando a residir na capital paulista. Na paulicéia, sob as benfazejas emulações de seu culto e erudito esposo, acatou o desafio de voltar aos bancos escolares, obtendo a graduação em História, seguida do Mestrado também em História, tendo ambos os diplomas sido outorgados pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Prepara-se ela, então, para dar andamento ao seu doutorado, nessa mesma instituição, resgatando assim os passos trilhados por seu genitor, o professor e historiador Miguel Eddy de Arruda.
Nos últimos cinco anos, pela via eletrônica, temos trocado correspondência regular, o que me tem permitido apreciar os seus precisos e preciosos textos, produzidos com exibível sensibilidade e apuro vernacular, que bem traduzem a esmerada educação recebida da família e das escolas confessionais onde ela estudou.
A admissão da colega Ana Margarida nos quadros sociais da Sobrames-CE enobrece essa sociedade, que passa a ganhar uma versátil escritora, com trânsito livre em diferentes gêneros literários, como a crônica, o ensaio, a poesia, além de se configurar como retratista e memorialista de primeira linha.
Marcelo Gurgel Carlos da Silva
Sócio da Sobrames-CE
* Texto de apresentação de novo associado da SOBRAMES. Publicado In: Informativo SOBRAMES – Reg.l do Ceará (Sociedade Brasileira de Médicos Escritores – Regional do Ceará). Janeiro a março de 2010 - ano V, n.14, p.6.
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