sábado, 15 de fevereiro de 2014

SAÚDE ASILADA



Por João Brainer Clares de Andrade (*)
O pedido de refúgio político da médica cubana Ramona Rodriguez reacendeu as discussões em torno da fraternal e sigilosa relação Brasil-Cuba. A ideia maquiavélica de importar mão-de-obra aos rincões desassistidos de profissionais e, principalmente, de estrutura, não é recente; e agora ajuda a mostrar que tudo se incubava sob o sigilo já típico da relação com a ilha caribenha.
Meses após a importação em massa, os erros cometidos pelo exército branco de Fidel são aberrantes. Há provas claras que circulam em diversos meios dando conta de atrocidades contra a saúde alheia. Ainda mais, a quebra de silêncio pela médica Ramona externou ao mundo como são tratados os médicos cubanos, em comum acordo com a gestão brasileira. A relação de emprego mostrou-se temerosa, quando acordo de estado se dá com uma entidade empresarial cubana, o que nada nos garante que não poderá haver doações, em retribuição ao coleguismo brasileiro, nas eleições do outubro próximo.
O silêncio que há na mídia, além da aparente assistência “digna”, não habita no meio médico. O contato com pacientes oriundos dos ambulatórios de língua espanhola nos faz saber de erros que, infelizmente, fragilizam ainda mais a população que merecia boa assistência. As universidades por todo o país, e que deveriam dar o suporte, supervisão e avaliação prometidas pelo Governo, fecham suas portas, vendo que não podem macular seus brasões, além da falta de professores dispostos a igualmente macular suas histórias prestando tutoria a projeto cheio de aleijo e brechas.
Que o refúgio da médica cubana, já refutado no alto escalão do Governo, faça valer os direitos da cidadã que se prestou a imigrar de seu país para a tão calorosa missão apelidada pelo Governo brasileiro como “solidária”. O que há na verdade é um estado de exceção à democracia. Há um risco constante à saúde da população, além do discurso desalinhado do Governo, quando rejeita cidadania a quem lhe presta um bem.. Não há coerência no programa; não há sentido no discurso... Seria bom que também pudéssemos pedir asilo.
E garanto que não seria em Cuba!
(*) Médico formado pela Uece – turma 2013.
Fonte: Publicado In: O Povo, de 15/2/14. Opinião. p.10.

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