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O cantor de tango
Carlos Gardel observa um pássaro em foto de 1930
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O filme reivindica a figura do coronel Carlos Escayola, influente personalidade do Uruguai de metade do século 19, ao que apresenta como suposto pai de Gardel.
A narrativa se
baseia em uma pesquisa de sete anos, que reuniu a pouca documentação disponível
sobre o militar e os testemunhos dos poucos parentes que foram ser
entrevistados.
Estabelecido na
cidade uruguaia de Tacuarembó, quase 400 quilômetros ao norte de Montevidéu,
Escayola foi em meados do século 19 "o chefe político e o homem mais
poderoso da região", segundo explicou recentemente à EFE o cineasta uruguaio
Ricardo Casas, diretor do documentário.
O coronel foi
casado consecutivamente com três irmãs da família Oliva, chamadas Clara, Blanca
e María Lelia, esta última sua afilhada.
Especula-se
que, sendo ainda adolescente, Maria Lelia foi a mãe de Carlos Gardel, fruto de
uma relação com Escayola quando ele ainda estava casado com sua irmã Blanca.
O documentário
sustenta a tese uruguaia de que Gardel era de Tacuarembó, e que as nebulosas
circunstâncias de seu nascimento o obrigaram a esconder suas origens.
A hipótese vem
reforçada pelo testemunho do criminologista uruguaio Gonzalo Vázquez, que se
apresenta como sobrinho bisneto do cantor de tango.
Em seu livro
"De Carlos Escayola a Carlos Gardel", Vázquez recorreu a depoimentos,
fotografias, documentos e notas jornalísticas para confirmar a origem uruguaia
do conhecido como "Zorzal Crioulo", uma história que desde sua
infância encorajava os relatos da família.
Outro livro,
intitulado "Gardel, o morto que fala", do professor uruguaio Eduardo
Cuitiño, e publicado no ano passado, argumentou a mesma teoria, nesse caso
usando a matemática e a probabilidade.
Frente a essas
hipóteses, aparece a chamada "teoria francesista", defendida pela
Argentina, que situa o nascimento de Gardel na cidade francesa de Toulouse.
Em setembro de
2012, três pesquisadores anunciaram a descoberta de uma certidão de nascimento
do cantor datada de 11 de dezembro de 1890 em Toulouse.
No entanto, em
1923, Gardel tramitou um passaporte uruguaio como nascido em Tacuarembó em
1887, um documento que depois usou para solicitar a nacionalidade argentina.
Por sua vez,
uma pesquisa realizada na Argentina concluiu que Gardel teria encoberto sua
verdadeira nacionalidade porque teria antecedentes criminais por fraudes.
Com a polêmica,
alguns estudiosos pediram que fossem feitos exames genéticos aos restos do
coronel Carlos Escayola, para determinar se existe ou não parentesco com
Gardel, encerrando assim a discussão de maneira quase definitiva.
Seja qual for a
verdade, o mito do imortal cantor de tango, morto em um acidente de avião em
1935 em Medellín (Colômbia), renasce a cada nova obra que procura lançar luz
sobre sua disputada nacionalidade.
Fonte: UOL/ Notícias 28/04/14. Foto Arquivo AFP.
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