Há vários anos, sempre que fazíamos palestras e
conferências sobre o assunto e enfatizávamos sobre as perspectivas próximas da
longevidade humana, as pessoas riam e pareciam não acreditar. Mostravam somente
curiosidade e interesse. Mas isso era muito preocupante para os estudiosos do
assunto.
A família não estava sabendo sobre os novos estudos e
avanços científicos do aumento da longevidade. Não conversavam e nem
informavam, aos filhos, que todos devíamos nos preparar para viver muito,
talvez, até mais de 100 anos. Não falavam nos idosos que estavam aumentando
muito rapidamente e, muito menos, sobre os centenários que estavam vivos e que,
muitos mais, estarão chegando. Não falavam nem mesmo na velhice, nos seus
mitos, dificuldades e grandezas. Evitavam falar em “velhice” e quando faziam
era para acusá-la, ofendê-la e menosprezá-la. Negava-se a idade, então. Hoje,
felizmente, celebramos os 80, 90 ou 100 anos com festas.
Quase que de repente, o brasileiro de classe social média
e mais elevada começou a aprender que, velhice, é uma condição de vida que se
caracteriza pelo conhecimento, tranquilidade, bom senso, cidadania, consciência
ética e grandeza, de Ser, de Fazer e, algumas vezes, também de Ter. Ou seja,
tudo contrário ao que, nossos avós, ensinavam aos nossos pais no passado e
estes também nos repetiam. Não foi culpa deles, pois assim foram educados pelos
avós. Só que, nos últimos anos, uma série de novos acontecimentos e descobertas
fizeram a mudança. Com isso, e a diminuição da taxa de natalidade, ocorreu o
grande aumento da população de idosos no nosso país e em todo o mundo.
Ser idoso passou a ser assunto de muita gente. Ser idoso
começou a ser um “bom negócio” e muitos querem viver muito e cada vez mais e
melhor. E toda a filosofia de vida do brasileiro vai mudando. Mas, ainda
Importantes e profundas modificações são necessárias, principalmente para as
classes sociais inferiores.
E vários geriatras e gerontologistas, de diferentes
especialidades, passaram a trabalhar com os idosos procurando, exatamente,
preparar toda a família para o presente e para o futuro. Então, fico feliz ao
verificar que nosso trabalho passou a ser uma real esperança para o brasileiro.
E, algumas frases que escrevi e proferi em minhas palestras no passado,
passaram a ser realidades, como por exemplo:
- “Caminhando é que seremos fortes, criando é que seremos
grandes e felizes, sendo saudáveis é que viveremos muito e crendo em Deus é que
ganharemos a eternidade. E isto, nós idosos, devemos aprender”
- “Como nossos avós e pais viveram muito, nós, vivendo
num ambiente saudável, praticando bons estilos de vida e tratando bem de nossa
saúde, vamos viver muito mais e melhor.”
- “Caminhando, conversando e comendo correto, vamos
longe.”
- “Como um idoso inteligente, vou buscar o conhecimento
novo, o prazer de saber, a satisfação de existir; as novas habilidades
aperfeiçoadas e diferentes e a prática do emocional dirigido para a
estabilidade e o equilíbrio”
E, neste momento histórico para o brasileiro, penso nesta
nova frase: “Com vida ativa, criativa e saudável, vamos presenciar esta e
muitas outras Copas Mundiais de Futebol. Com o Brasil vencendo, claro!”
(*) Médico, professor e ex-presidente da Academia Cearense de
Medicina.
Fonte: O Povo,
Opinião, de 11/6/2014. p.6.
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