E Deus chegou de uma maneira nova, porque Deus é surpresa: uma imagem de barro frágil, escurecida pelas águas do rio
Celebramos
com alegria os 300 anos do encontro da imagem da Virgem Maria nas águas do rio
Paraíba e que depois foi carinhosamente chamada pelo povo de Nossa Senhora
Aparecida. Percebemos naquele evento, que mais uma vez o Senhor se fez próximo
dos necessitados, por meio da imagem da sua Mãe; naquela imagem da Virgem Maria
os pescadores começaram a renovar a esperança de que Deus estava com eles, de
que não tinha abandonado à própria sorte. “As águas são profundas e, todavia,
encerram sempre a possibilidade de Deus; e Ele chegou de surpresa, quem sabe
quando já não o esperávamos. A paciência dos que esperam por Ele é sempre posta
à prova. E Deus chegou de uma maneira nova, porque Deus é surpresa: uma imagem
de barro frágil, escurecida pelas águas do rio, envelhecida também pelo tempo.
Deus entra sempre nas vestes da pequenez” (Francisco, 27/7/2013, RJ).
O meio de maior proximidade e ternura que o Senhor
escolheu; o modo mais doce e misericordioso que Ele achou foi a imagem da mãe
que coloca o filho no colo e acalma suas angústias. Por isso, a Mãe Aparecida
lembra-nos de que é preciso sairmos de nós mesmos e irmos ao encontro dos
irmãos. E nesse encontro sermos para eles sinal da misericórdia de Deus.
Misericórdia de Deus que se manifestou grandemente neste Ano Mariano, nos
inúmeros atos de fé, romarias, peregrinações que acorreram ao Santuário
Nacional e às Igrejas Matrizes Paroquiais que tinham Nossa Senhora Aparecida
como padroeira principal.
Os 300 anos da imagem de Nossa Senhora Aparecida nos
fazem pensar também que as graças recebidas neste tempo especial precisarão ser
comunicadas, pois Aparecida é sinônimo de saída de si, e antônimo de egoísmo.
Saída para comunicar o Amor de Deus recebido pelas mãos carinhosas da Mãe do
Céu. Com Maria, “a Igreja se sente discípula e missionária desse Amor:
missionária somente enquanto discípula, isto é capaz de deixar-se sempre
atrair, com renovado enlevo, por Deus que nos amou e nos ama por primeiro (1Jo
4,10)” (Bento XVI, 13/5/2007, Aparecida).
Como fruto deste Ano Mariano Nacional, rezemos e façamos
a nossa parte por um Brasil menos injusto. E, assim sendo, que a Virgem de
Aparecida faça de nós imagens da surpresa misericordiosa de Deus, como foi ela
mesma essa surpresa de Deus para o povo brasileiro.
(*)Presbítero
da Arquidiocese de Fortaleza; Missionário da Misericórdia.
Fonte: O Povo, de 14/10/2017.
Opinião. p.11.
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