Nos dias atuais, a exacerbação do pragmatismo está ocupando
espaço das opções ideológicas e institucionais, o que nos confunde e aumenta as
dúvidas relacionadas com a existência e a verdade, analisadas por Jean-Paul Sartre
e Jacques Maritain. Acreditamos serem as manifestações pragmáticas influenciadas
pelo maniqueísmo direita e esquerda, pela ânsia de poder, pela falta de solidariedade,
pelo individualismo e pela ausência de sentimentos espirituais. Com as devidas
reservas, vale lembrar Michael Bakunin ao dizer: "Sou um amante fanático da liberdade,
considerando-a como único espaço onde podem crescer e desenvolver-se a inteligência,
a dignidade e a felicidade dos homens, (...) só aceito uma única liberdade que
possa ser realmente digna deste nome, a liberdade que consiste no pleno desenvolvimento
de todas as potencialidades materiais, intelectuais e morais que se encontrem
em estado latente em cada um (...)". O Estado existe não para ser de direita ou de esquerda,
mas para assegurar os princípios da democracia. Precisamos nos voltar para o
conhecimento das verdades essenciais, objetivando alcançar os valores éticos
indicadores de um mundo baseado nos conceitos de justiça e de igualdade de
oportunidades. Ademais, um líder não se faz por instrumentos e mecanismos
artificiais, mas pelo reconhecimento livre e soberano do seu povo. Forçar o
surgimento de uma liderança, usando segmentos da falsa mídia e "marqueteiros" gananciosos poderá gerar uma farsa administrativa e
política. Aqueles que assumem um cargo na vida pública pensando em não trabalhar
pelo povo, não são democratas, mas corruptos. Por fim, não ao maniqueísmo, sim
à defesa da democracia.
(*) Economista. Professor aposentado da UFC. Ex-governador do
Ceará.
Fonte: Diário
do Nordeste, Ideias. 18/8/2017.
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