Por
Padre Rafhael Silva Maciel (*)
Exatamente na Sexta-feira da Paixão começamos a novena da Divina
Misericórdia, aquela mesma querida por Jesus Cristo e da qual Santa Faustina
foi sua portadora. É esse o dia em que a Misericórdia de Deus revelou-se do
modo mais extremado, na doação do seu próprio Filho na Cruz, pela salvação dos
homens.
Na Cruz a Misericórdia de Deus mostra-se real: nas Chagas de Cristo, na
sua dor dilacerante, nos espinhos que traspassaram sua cabeça. Tudo é real,
tudo acontece e a misericórdia é oferecida.
O sangue de Jesus não é só derramado do alto da Cruz, mas já era
derramado desde sua agonia no Horto das Oliveiras, na flagelação, na coroação
de espinhos, no caminho tortuoso para o Calvário, nas suas quedas, ali já havia
muito sangue derramado, seu corpo já estava sendo entregue. Em todo seu caminho
para o Calvário, Cristo demonstra que a misericórdia sempre é derramada.
O rosto da Misericórdia, visível em Cristo, mostra como o homem é sujo
pelo pecado. Seu rosto massacrado traz à tona as sujeiras da condição humana. É
um rosto sofrido, mas é rosto da Verdade.
Por isso, é preciso que nos aproximemos do trono da graça, que é também
trono da Misericórdia. Na Cruz, Jesus Cristo reina e deixa claro que seu Reino
não é deste nosso mundo.
Nem os ossos nem as vestes do Senhor são dilacerados. Ficam inteiros
porque Graça e Misericórdia são dadas por inteiro, são causa da unidade do
Corpo de Cristo. Deixemos que aquele mesmo Sangue santo e aquela Água
regeneradora derramem-se sobre nós. Banhados em Cristo, seremos novas criaturas,
lavados pela misericórdia para espalhar misericórdia.
Nunca esqueçamos que "a Cruz está presente em tudo e chega
quando menos se espera. - Mas não esqueças que, ordinariamente, andam
emparelhados o começo da Cruz e o começo da eficácia" (S.
Josemaria Escrivá, Sulco 256). A Cruz e a Divina Misericórdia lembram-nos de
que a história caminha para Deus. Mesmo com a aparente vitória do mal, como
testemunhamos todo dia, nas situações de morte presentes no mundo, a Cruz nos
convida a crer que a última palavra será sempre de Deus. Por isso, olhemos para
a Cruz, olhemos para o Traspassado, olhemos para o Crucificado-Ressuscitado:
cabeças erguidas!
(*) Presbítero
da Arquidiocese de Fortaleza e Missionário da Misericórdia.
Fonte: O Povo, de 20/4/2019.
Opinião. p.16.
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