Artur
Bruno (*)
Após 293
anos, é importante lembrar que Fortaleza tem, desde sua origem, um forte
vínculo com a natureza. O lugarejo nasceu em meio à riqueza ambiental da Barra
do Ceará, com seu Centro crescendo às margens do riacho Pajeú, disputando a
condição de Vila com Aquiraz, nas proximidades do rio Pacoti.
A cidade
tornou-se metrópole espalhando prédios e habitantes entre os rios Ceará e
Pacoti, banhada pelo rio Cocó, cuja bacia abrange dois terços de sua área. A
beleza de suas dunas e praias ganhou o Brasil e o mundo. Suas diversas lagoas
eram parte visível e característica de sua constituição. Expandiu-se para o
arborizado Benfica e depois para a Aldeota e os largos espaços de seus sítios.
Por sua
vez, o hino da cidade refere-se diversas vezes aos aspectos do ambiente e de
nossa gente. "Irmã do sol, irmã do mar", diz o refrão, com lembrança de coqueiros, do céu,
da flor, e de personagens de sua história, como jangadeiros, caboclos e
escravos.
Porém, a
desordem do progresso de Fortaleza, com uma ocupação sem critério em áreas de
risco e a especulação imobiliária, resultou em desmatamento sem controle,
aterramento das lagoas e desrespeito às áreas verdes. O inchaço da cidade
prejudicou a ambiência de seus moradores.
As boas
novas são as ações de recuperação deste imenso passivo ecológico. O governador
Camilo Santana, confirmando sua veia ambientalista, regularizou o Parque
Estadual do Cocó - no lado leste da cidade -, criou a Área de Proteção
Ambiental do Ceará-Maranguapinho, assim como a Área de Relevante Interesse
Ambiental do Cambeba. A prioridade é a proteção das matas ciliares próximas aos
nossos recursos hídricos. O prefeito Roberto Cláudio, por sua vez, contemplando
o lado Oeste, está instalando o Parque Rachel de Queiroz, segunda maior área
verde do município. Além disso, parte do litoral de Fortaleza, vítima de
ligações de esgotos irregulares, em especial a Beira-mar, será limpa e
remodelada com recursos de um empréstimo de R$ 280 milhões obtidos junto ao
Banco de Desenvolvimento da América Latina.
No seu
aniversário, minha maior esperança é ver nossa Fortaleza com o retorno do
esplendor do seu verde e seus mananciais recuperados.
(*)
Secretário do Meio Ambiente e
Sustentabilidade (SEMA) do Estado do Ceará. Sócio do Instituto do Ceará.
Fonte: Publicado In: O Povo, Opinião, de 12/04/19. p.20.
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