Francisco de Assis Carvalho Cajazeiras
(*)
Ao longo da História, observa-se um comportamento
beligerante da humanidade. Naturalmente, as causas sobrevivenciais dominantes
nos tempos mais primitivos, tornaram-se cada vez mais secundárias, à medida que
se organizavam os núcleos populacionais polarizadores - as cidades. Daí, à
estruturação geopolítica com suas características estatais e nacionais, o
Estado se constrói segundo as necessidades do povo, sob a regência dos que se
destacavam e se impunham como líderes e predestinados.
O egoísmo, gerador do orgulho e da ambição,
procurou justificar a sua atitude bélica, em relação aos outros núcleos
populacionais, em nome das necessidades e, muito frequentemente, apelando para
a verdade de suas crenças religiosas, resultando em inumeráveis combates, em
nome de seu Deus, ora compreendido como o maior de todos, ora como o único, em
detrimento daqueles adorados por outras gentes.
Ainda, em pleno século XXI, destacamos um grande
número de conflitos armados no mundo, ancorados em diferentes religiões. Esses
litígios armados se refletem nos litígios sociais, com desrespeito e atitudes
desprezíveis. Nesses casos, ainda que não haja violência física, há violência
social e moral e mesmo assassínios sociais, com negação de direito e
ostracismo.
É claro que o instinto belicoso suplantando a razão
do ególatra, se faz presente entre os que se deixam conduzir pelos tsunamis das
paixões e que, não fora o antagonismo religioso, mesmo assim não lhes faltariam
"justificativas" outras. A evolução do pensamento teológico levou-nos
ao entendimento da unicidade divina.
O ser humano, ao longo dos tempos, por um
sentimento inato, vem procurando a sua relação com essa Força Original, ainda
incognoscível para a sua apoucada capacidade de entendimento do Eterno. Isso
tem gerado concepções múltiplas e diferentes da Suprema Inteligência ao longo
do tempo e do espaço.
Deus, porém é único e imutável, a despeito das
conjecturas, cogitações e designações que criarmos. Por isso, o seu Deus e o
meu Deus são um só. Somos todos suas criações e, portanto, irmãos. Vivamos em
paz.
(*) Médico.
Presidente do Instituto de Cultura Espírita do Ceará (Foto: Francisco
Cajazeiras)
Fonte: O Povo, 30 de março de 2019.
Opinião. p.18.
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