Na
internet encontra-se a notícia da prisão de um dono de lanchonete por batizar
sanduiches da casa com patentes militares.
Esse
fato aconteceu em outubro de 2007, em Penedo-AL, cidade de 60 mil habitantes
localizada a 170 km da capital alagoana.
Para
o proprietário da lanchonete Mister Burg, tratava-se de uma estratégia de
marketing. Porém, para o comandante da Polícia Militar (PM) de Penedo, era uma
ofensa à Corporação. Por essa razão, o dono da lanchonete terminou sendo detido
por ordem do comandante da PM dessa cidade.
Para
o comandante da PM, não ficava bem um consumidor chegar na lanchonete e pedir:
“um coronel mal passado”, ou de lá sair dizendo: “acabei de comer um sargento”.
Na
delegacia local foi lavrado um boletim de ocorrência e, diante ao tumulto
gerado, a lanchonete ficou fechada por algumas horas. Como o delegado de
plantão entendeu não haver motivo para prisão, o acusado foi liberado horas
mais tarde. Os cardápios da lanchonete foram recolhidos para avaliação e a casa
reaberta em seguida.
A
casa oferecia no seu cardápio militarizado lanches, como: o “coronel” (que era
o filé com presunto), o “comandante” (um prato feito com calabresa frita) etc.
O prato mais caro era o “comandante”. O comerciante dizia que não tivera
qualquer intenção de brincar ou ofender à Corporação e até intencionava ser uma
homenagem à hierarquia militar.
Para
o parco humor dos policiais militares, os nomes dos pratos provocavam chacotas
e insinuações contra os policiais, entre os moradores da cidade, e repudiaram a
suposta homenagem.
O
comerciante constituiu um advogado para entrar com uma denúncia contra o
comandante local da PM por abuso de autoridade e uma ação reparatória, por dano
moral, contra o estado de Alagoas.
Em
defesa do seu cliente, o causídico arguiu que inexiste texto legal que impeça
um restaurante de inserir no seu menu pratos denominados: “lula à milanesa”,
“filé a cavalo” ou “coronel mal passado” etc.
O
advogado peticionou habeas corpus preventivo para evitar outra detenção de seu
cliente e ainda sustentou na sua peça que “se o argumento do comandante fosse
válido, nenhuma festa de criança poderia ter brigadeiro”. Pois, como é sabido,
brigadeiro - além de ser a mais alta patente da Aeronáutica - é também o nome
de um docinho muito presente nos aniversários infantis.
Os
advogados da cidade ironizavam então: “Em Penedo, comer brigadeiro pode, mas comer coronel está proibido”.
Fontes: Consultor Jurídico, 12/10/2007, e Blog do Candango.
Marcelo Gurgel Carlos da Silva
Ex-Presidente da Sobrames-Ceará
* Publicado In: SILVA, M. G. C. da (Org.). Fora de forma! Médicos contam causos da caserna. Fortaleza: Expressão, 2020. 128p. p.66-68.
Um comentário:
Ainda bem que são lanches com nomes de patentes militares. Graças!!!
Já pensaram se fossem picolés?
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