Por Lígía Kerr (*)
Após mais de
dois anos e meio do seu início, muitos esperavam que a pandemia tivesse acabado. Joe Biden, presidente dos EUA, até
"anunciou" seu "fim" nos EUA e o diretor da OMS disse que o
fim parecia próximo.
O aumento de
casos de Covid-19 em vários países e no Brasil mostrou que não. Novas variantes da Ômicron foram identificadas como responsáveis por este aumento. As mutações
do Sars-CoV-2, teoricamente, procuram fazer o vírus mais transmissível, causar
doenças mais graves e evitar a proteção das vacinas, reinfectando pessoas que
já tiveram a doença ou que estão imunizadas.
Para a maior
parte do mundo, a infecção pelo Sars-CoV-2 foi naturalizada e o vírus se
replica livremente aumentando a chance
de mutações. Chamaram a
estratégia da China, que economicamente vai muito bem, de suicida, porque
sempre fez testagens massivas, isolamentos, lockdowns, uso de máscaras e
controlou a pandemia no país. Mas para o ocidente, parece que a Covid-19
finalmente se tornou uma "gripezinha".
A vacinação
foi, sem dúvida, um grande sucesso na Covid-19, reduzindo as chances de internação e de óbitos. A chance de um não vacinado ter um destes
eventos é inúmeras vezes maior que um vacinado. A maioria dos casos graves não
tomou nenhuma dose da vacina ou dose de reforço.
A Covid-19 pode
afetar a maioria dos nossos órgãos. Casos repetidos da infecção aumentam
significativamente o risco de morte, hospitalização e sérios problemas de saúde, independentemente de serem pessoas não vacinadas, vacinadas e com doses
de reforços.
O mundo e o
Brasil reduziram enormemente a testagem
e isolamento diante de
sintomas suspeitos. Também paramos de usar máscaras e muitos não tomaram as
doses de reforço. E além do Sars-CoV-2, temos o vírus da influenza e o vírus
sincicial circulando em uma tripla epidemia.
Não podemos
varrer a Covid-19 para baixo do tapete. As pessoas passaram a pensar e avaliar
seus riscos de forma individual. E se for jovem e sem fator de risco, melhor nem pensar no assunto. Estas atitudes permitem a alta
transmissão e a quase garantia de mutações, e devem impactar no aumento de
casos nos próximos meses, resultando em milhares de novas infecções e
reinfecções com seus riscos associados. Urge que as autoridades divulguem os
números, tornem o uso de máscaras obrigatório e chamem a população com
vacinas faltantes.
(*) Médica epidemiologista e professora da
UFC. Vice-presidente da Abrasco.
Fonte: Publicado In: O Povo, de 25/11/2022. Opinião. p.19.
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