Por Pe. Eugênio Pacelli SJ (*)
O Natal é uma época linda! Tempo de encher o coração de
esperança e expectativa. Tempo onde a Luz de Deus nos visita e
ilumina nossos corações e o mundo inteiro. Há um colorido especial! As luzes,
os presépios, as casas caprichosamente arrumadas, tornam até o ambiente mais
árido e triste em sinal de alegria e esperança.
Tu vens, Tu vens, eu já escuto os Teus sinais...e já te
esperamos pressurosos. Quando eu era criança, em Ibiapina, junto com meus cinco
irmãos, contávamos os dias para a decoração da casa com a montagem do presépio.
A montagem do presépio para mim era uma verdadeira liturgia. Tudo era
construído com fé e carinho, sob o olhar carinhoso de nossa mãe. Era já um
momento de alegria para a festa que se aproximava. Era o momento da família!
Para além dessa alegria pueril e inocente, há dois personagens
que me chamam a atenção nesse período, em preparação ao Natal. Primeiro,
o profeta Isaías, profeta da boa notícia, aquele que anima os corações
desanimados e inquietos. Anuncia o Kairos de Deus, a vitória de Deus. O outro é
João Batista, que possuía uma vida muito rígida e coerente, com forte apelo à
conversão, que chamava a todos a aplainar os montes, ou seja, aplainar os medos
e a incapacidade de caminhar e sonhar para novos horizontes e assumir um
compromisso concreto no tempo do Advento. São profetas que nos tiram da
inércia e nos convidam a se por a caminho e em movimento.
Profetas de ontem e de hoje, com exortações muito pertinentes e
atuais. Junto a esses profetas, vale a pena mencionar o nosso Papa
Francisco, que nos chama a ter atitudes concretas e factíveis com a realidade.
A chegada deste tempo novo é, mais do que nunca, momento de deixar à mostra o
cristão que cultivamos em nós como instrumentos de solidariedade, esperança e
cuidado com a casa comum.
Momento de evitar distrações e cuidar para vivenciar um
natal com perdão, sem mágoas, sem ressentimentos, sem irmãos (as)
famintos, sem esquecer de desejar "Feliz Natal". Tempo para reunir a
família e renovar os laços que nos unem e tomar consciência que família é lugar
de Deus, é a verdadeira essência de Deus.
Não nos distraímos com a correria das festas, com o
consumo, com as ceias e tantos apelos externos de coisas que nos impedem de ver
o que é essencial e importante. O essencial é ter a certeza que Deus nos visita
e arma sua tenda em nossa Vida.
(*) Sacerdote jesuíta e mestre em Teologia. Diretor do
Seminário Apostólico de Baturité.
Fonte: O Povo, de 17/12/2022. Opinião. p.14.
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