sexta-feira, 20 de janeiro de 2023

Crônica: “As marcelas e as parcelas do poeta” ... e outros causos

As marcelas e as parcelas do poeta

Jair Moraes, que o saudoso professor Gilmar Chaves considerava o mais gabaritado artista de rua da cidade, escreve para dizer que nunca esteve tão bem de vida - saúde física e psíquica bacana, trabalhando feito um bicho, sobrevivendo dignamente com sua Banda Marmota. Ficamos felizes, merecedor do melhor é o Poeta dos Cachorros, variando entre Manezinho do Bispo e Zé Limeira em matéria de sabedoria non sense. Para provar quão supimpa está, relata três acontecidos dignos de publicação.

O primeiro é a diferença que há, "do ponto de vista semântico", entre fazer compras à prestação de artigos femininos e de artigos masculinos. Esclarece o pensador emérito da Vila União (ex-Barro Preto) que se a compra de uma geladeira for feita em 10 "letras", teremos aí uma dezena de "marcelas".

- Sim, eu comprei uma Esmaltec (276 litros) em 10 marcelas de 189,90 reais sem juros.

Nessa pegada, esclarece sobre o que seja "parcela". Para ele, o termo deve ser usado quando a compra for de coisas masculinas. Eis um exemplo que o próprio Jair oferece: "Comprei 'uma televisão' (Smart TV Semp 32 HD Wi-Fi Dual Band Wide Screen) na Magazine Luíza em 10 parcelas de 138,71 reais". Repararam que o autor da premiada canção "Sapato cor de barro" só compra em 10 chibatadas, sempre sem juros? Claro que sim! O que talvez não tenham observado é a quem se destinam as compras feitas à prestação.

- Marcelas são valores de compras a prazo que o sujeito dá a uma mãe. Parcelas são pro pai...

Falei dos neologismos do Jair pro Falcão e o cantor do "Canto bregoriano no 2" falou, se abrindo:

- Aí dentro, poeta!!!

Estudos mostram que nada mostram

A segunda arrumação do Poeta dos Cachorros diz respeito a descobertas "sem futuro" da ciência, lembrando os comentários geniais do LC Galetto (lcgaletto) em seu Instagram, sessão "Notícias Fuleragens". Jair pescou algumas novidades em "Aquelas curiosidades" e, ao lado de cada pesquisa, apõe seu comentário. A primeira das três descobertas: "Estudos revelam que uso do celular no banheiro tem aumentado a taxa de hemorroida da população".

- Comigo, pode é empurrar um celular de cana com linguiça apimentada que minha hemorroida dá nem notícia! Zerada! Tem fuxico não!

Continua: "De acordo com um estudo, as mulheres são mais românticas quando estão de 'barriga cheia'".

- Com minha Maria, barriga cheia é sinal de peido muito! Adeus, Roberto Carlos!

Jair lembra também que o referido Instagram noticiou: "Cientistas afirmam que a mente humana não deve estar acordada após a meia noite". A resposta é categórica.

- Claro! A mente não pode estar acordada após a meia noite porque a pessoa está dormindo à moda porco da mão branca, do quinto pro sexto sono!

Poética canina

A terceira potoca de Jair Moraes é a particular saudação ao ano novo, chegante depois de amanhã, no ensejo de fazer tudo diferente. Título longo, mas inspirador: "Adeus cueca e celular, o meu negócio agora é frescar e viver só no miudinho":

- A minha praia é ver o mar/ Voltar a ser um curumim/ Brincar de anel, andar no osso/ Assim que nem um bacurim/ Usar sabugo, pagar os juros/ Sair de cima do muro/ E assistir ao Rin-tin-tin.

Fonte: O POVO, de 30/12/2022. Coluna “Crônicas”, de Tarcísio Matos. p.2.

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