Por Sofia Lerche Vieira (*)
A
confirmação de Camilo Santana, Izolda Cela e Fernanda Pacobahyba na cúpula do
Ministério da Educação (MEC) é notícia auspiciosa para o ano que se inicia. Há
alguns anos, o Ceará tem despontado como um caso de sucesso inspirando
políticas nacionais e locais. O Programa Nacional pela Alfabetização na Idade
Certa (PNAIC), lançado em 2012, é um exemplo nesse sentido. Em diferentes
estados e municípios brasileiros hoje é possível encontrar inspirações da
política educacional cearense centrada na aprendizagem de todas as crianças na
idade certa.
Aqueles que
acompanham de perto a política educacional sabem que o país vinha evoluindo
positivamente na maioria de seus indicadores. Os quatro últimos anos, contudo,
deixaram um terrível passivo de problemas e dificuldades, agravados pela
pandemia. O quadro é sinistro: redução de recursos, paralisação de obras,
interrupção de programas, sem contar a presença do que há de pior na gestão
pública representada pelos ministros que ocuparam a pasta.
Como fazer
para superar tantos desafios? Primeiro, é estratégico considerar o diagnóstico
da equipe de transição na educação, estabelecendo uma agenda de prioridades
onde boa parte do esforço do novo governo deverá centrar-se na recuperação do
que foi perdido.
Para fazer
valer uma agenda positiva, o trio cearense e todos que estiverem na direção do
MEC, precisam saber retomar o trabalho com estados e municípios, ouvindo suas
demandas e necessidades e encontrando soluções conjuntas. Nesse contexto, é
oportuno não esquecer dois requisitos fundamentais ao exercício do poder:
humildade e empatia. Humildade para não cair na armadilha de julgar que o
Brasil é o Ceará. Para além da aprendizagem na idade certa e da educação
integral, há imensos desafios a enfrentar. Empatia no esforço de captar o drama
dos territórios e segmentos vulneráveis que tanto precisam de uma educação de
qualidade, buscando alternativas inovadoras capazes de superar as desigualdades
entranhadas em nossa sociedade. Que não lhes falte, portanto, sabedoria e
inspiração. Que o sucesso ilumine este novo patamar de atuação!
(*) Professora do Programa de Pós-Graduação em Educação da Uece e
consultora da FGV-RJ.
Fonte: Publicado In: O Povo, de 2/01/23. Opinião, p.20.
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