segunda-feira, 9 de janeiro de 2023

A MÁQUINA E O AMOR

Por Tales de Sá Cavalcante (*)

Pontualmente, ele é acordado por sua assistente. Ela liga o som e, em seguida, a cafeteira. Ele comunica-lhe que amanhã haverá reunião de diretoria às 17h e solicita que sejam tomadas as providências de sempre. Logo após sua saída, a auxiliar desliga o aparelho de ar-condicionado, fecha e trava a porta e ativa o aspirador de pó, que inicia a limpeza do piso. Tudo resolvido por uma secretária virtual, como a Alexa, da Amazon. A geladeira smart cria e envia a lista de compras em função do estoque. Após acionados os elevadores, o visor aponta qual deles o levará. Entra no carro, e, ao mesmo tempo em que lê as notícias, o Tesla se desloca sem motorista. Ao chegar ao trabalho, encontra outra rotina de automatismos.

Hoje, a Inteligência Artificial (IA) substitui o ser humano em diagnósticos e indicações de tratamentos em Medicina, realizados pelo Watson, da IBM. Robôs atuam em indústrias e cirurgias, e o LipNet faz otimização de leitura labial. Agora, um supercomputador com os softwares adequados não perde do campeão de xadrez do planeta.

Estamos numa Revolução Tecnológica. Não a sentimos porque vivemos no olho do furacão, ou seja, na área mais calma da tempestade. É essencial o uso da Internet. O smartphone, como inseparável companheiro, até parece ser parte de nosso corpo, algo celular.

Tudo isso indica que seremos quase máquinas? Não, pois pesquisas evidenciam que ter amizades faz bem à saúde e que a solidão está ligada a um envelhecimento mais acelerado das células. A socialização nos torna menos propensos a ter infecções por vírus e inflamações.

A revista científica americana "Plos One" nos mostrou que uma vida social leva ao bem-estar. Estudos já revelaram que a boa convivência com amigos, familiares ou cônjuges está fortemente associada a menores níveis de estresse e ao bom humor, além de melhorar a saúde cardiovascular e as taxas de recuperação de doenças.

Torçamos que ao menos o amor das pessoas jamais seja comutado e permaneça sempre entre nós. Ou perderemos para as nossas próprias invenções o que, mais do que tudo, nos distingue das máquinas, a capacidade de amar.

(*) Reitor do FB UNI e Dir. Superintendente da Org. Educ. Farias Brito. Membro da Academia Cearense de Letras.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 15/12/22. Opinião, p.18.

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