De origem na aristocracia do sertão, teve 34 anos de trajetória parlamentar como opositor aos governos. Vítima da polarização, ao não se posicionar nem a favor de Lula nem de Bolsonaro, fica sem mandato pela primeira vez a partir de fevereiro.
Heitor Férrer (União Brasil) é trineto de Fideralina
Augusto Lima, matriarca de uma poderosa família, raro caso de mulher coronel na
política do século XIX dos sertões cearenses. Do mesmo clã que dominou Lavras
da Mangabeira e expandiu a influência por todo o Estado descendem o ex-prefeito
de Fortaleza, Roberto Cláudio (PDT) e o ex-senador e deputado federal Eunício
Oliveira (MDB). Além de Joaquim Bastos Gonçalves, que foi presidente da Assembleia
Legislativa, e Vicente Férrer Augusto Lima, ex-deputado federal, suplente
de Wilson Gonçalves no Senado e que assumiu o mandato por alguns meses em 1965.
Este último é padrinho de Heitor. Deputado que descende dessa tradição
aristocrática, mas buscou fugir dela.
A porta de entrada na política foi em
Fortaleza, e por meio da medicina. Fez do consultório um espaço político, onde
atende de graça a pessoas que não podem pagar, escuta das carências da saúde
pública, que denuncia depois na tribuna. A realidade que conheceu ali o levou a
se candidatar. Foram 34 anos consecutivos de mandatos — 14 como vereador da
Capital e 20 como deputado estadual. Sempre como oposição, rejeitando o DNA de
uma família que era politicamente dona da cidade natal.
A partir de fevereiro,
ele fica pela primeira vez sem mandato desde que se elegeu pela primeira vez,
em 1988. Acredita que foi prejudicado pela polarização nacional. Não se
posicionou nem a favor de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nem
de Jair Bolsonaro (PL). Identifica-se como centro-esquerda e sempre
se alinhou com setores progressistas no Legislativo. Mas, tem eleitorado na
Aldeota, no Meireles, onde os bolsonaristas são muitos. Cobravam que tomasse um
lado, o que não fez. Não se arrepende. Sabe que perdeu votos, mas acredita que
o impacto seria ainda mais caso fizesse uma opção.
O que fará de agora em
diante? "O político nunca deixa de ser político". O que não sabe é se
terá mandato ou não. Enquanto não tem, segue fazendo política no consultório e
fora dele.
Fonte: Publicado In:
O Povo, de 16/01/2023. Páginas Azuis. p.4-5.
Nota do Blog: O jornal O Povo, de ontem
(16/01/2023), publicou uma longa e minudente entrevista com o
médico Heitor Férrer, que após 34 anos ininterruptos de exercício parlamentar
terá que, infelizmente, se afastar do parlamento cearense por não ter sido
reeleito deputado estadual no último pleito.
O Dr. Heitor Férrer sempre honrou
os mandatos que lhe foram confiados por seus eleitores, demonstrando atenção
redobrada em prol da defesa dos valores maiores da sociedade e dos corretos
princípios da cidadania.
A matéria foi conduzida e está assinada
pelo experiente jornalista político Érico Firmo e está disponível aos leitores
desse importante veículo de comunicação.
Marcelo Gurgel Carlos da Silva
Editor do Blog
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